Dá medo analisar a conjuntura política que começa a se formar visando às eleições de 2006 em Mato Grosso. A única certeza é que tudo pode acontecer, ou seja, que não há certeza.
Os aliados do governo protagonizam divergências que afetam todos os demais partidos. Não dá pra saber, com segurança, no entanto, se é tudo jogo de cena ou se o pau tá comendo mesmo entre os aliados da turma da botina.
Pelo sim pelo não, o governo começa a construir alternativas aos aliados de outrora. São saídas esquisitas, contudo. Se o grande malabarismo que o governo tenta é manter-se viável eleitoralmente, com alianças amplas, e ao mesmo tempo ficar alinhado ao Palácio do Planalto, não dá pra entender como PV e PDT possam ser aliados preferenciais, já que estão na oposição a Lula, assim como o próprio PPS. Além de não terem absolutamente nenhuma densidade política ou eleitoral.
Por outro lado, os aliados reclamam muito, ensaiam candidaturas próprias, mas não é muito crível que tenham coragem de lançá-las. Isto serve especificamente ao PFL e ao PP.
Essas dúvidas começam a custar muito para os aliados. Veja-se o PFL, por exemplo. Tido e havido como o partido mais coeso de Mato Grosso até então, com líderes fortes e liderados disciplinados, o PFL está virando casa que ninguém manda. Os líderes maiores – Jonas e Jaime, não necessariamente nesta ordem – já não têm seguidores lógicos. A cada situação, ficam com A ou com B. A reação de Jorge Pires a um eventual rompimento do PFL com Blairo é sintomática.
No PP é um pouco diferente porque lá ninguém ousa desagradar Pedro Henry. É aquele tipo de revolta silenciosa. O sujeito prefere sair de fininho a enfrentar o líder. Mas, quando se fala em disputar posições com governo – qualquer governo – normalmente perdem-se muitos filiados, porque o governo tem sempre muito mais ativos políticos a oferecer.
A oposição deu uma refreada depois que os tucanos ensaiaram retomar vôo próprio, pensando que o céu era de brigadeiro. Foi só bater as asas pela primeira vez para receber chumbo grosso. Aliás, neste quesito, pergunto ao leitor: Qual a semelhança entre a crise dos hospitais na cidade do Rio de Janeiro com as recentes denúncias contra o governo tucano, em Mato Grosso? Quem quiser responder basta acessar meu e-mail, abaixo do texto.
O PT, ah o PT. O partido do presidente da República vive localmente uma crise de identidade ainda maior que no quadro nacional. Tem uma ótima candidatura ao governo nas mãos, que é a da senadora Serys, mas ao que parece prefere 10 outras opções antes de considerá-la. Do jeito que a coisa vai, não é de se admirar que o partido perca completamente suas possibilidades eleitorais muito antes das eleições.
De cá donde observo esses acontecimentos, acho-os ótimos. O jogo político estava mesmo muito sem-graça, convenhamos.
QUE ISSO, COMPANHEIRO – Pegou muito mal a propaganda do PT chamando o presidente da República de “Lulinha”. Se nem o PT consegue mais respeitar o Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que dirá a oposição e o cidadão comum?
LEVEZA – Falar em propaganda partidária, parabéns ao PP e a quem concebeu e produziu os comerciais do partido em Mato Grosso. Boas imagens, bom mote, pouco discurso e quase nenhuma cara feia. Incomparavelmente melhor que ver Jaime Campos, Jonas Pinheiro e Bento Porto com aqueles discursos manjados em plano americano ou close, que assustam o telespectador.
Kleber Lima é jornalista e Consultor de Comunicação da KGM – Soluções Institucionais.