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Antes que seja tarde !!

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Assistimos nos últimos tempos, em nossa querida Sinop, o aumento crescente da criminalidade. Estamos perplexos, amedrontados e inseguros quanto ao futuro dessa cidade.

Entendo muito bem o sentimento da prezada colega advogada, Dra. Elietti Martins, que em seu artigo publicado em 11.06.2007 (CADEIRAS NA CALÇADA) demonstrou com clareza sua preocupação com o bem estar dos cidadãos.

A nobre advogada ao chegar em Sinop, como muitos de nós, foi agraciada com a gente hospitaleira que certamente a recebeu de braços abertos. Sentiu aquela alegria e bem-estar próprios de quem, chegando em terra estranha, foi recebida pelo sorriso aberto e sincero daquele vizinho, daquele comerciante, daquele profissional, enfim, das pessoas trabalhadoras e valorosas dessa terra.

Presenciou, além disso, uma cena rara nos dias atuais: a família reunida, com suas cadeiras na calçada em um final de tarde sereno e convidativo à uma boa prosa; crianças brincando com bola ou de bicicleta; aquele cumprimento sincero e cordial, com um brilho nos olhos e sorriso nos lábios.

Infelizmente, a cidadã/advogada comunga do sentimento de insegurança que a nós todos perpassa, justamente porque não sabemos se amanhã colocaremos nossas cadeiras na calçada.

Como muitos sinopenses, eu também morava em cidade onde a segurança pública foi aos poucos se fragilizando, mercê da falta de políticas públicas rápidas e eficazes, a par da ingerência e letargia tanto dos agentes políticos, quanto da sociedade organizada.

Agora, também assustado, vejo o mesmo acontecer em Sinop. E o desenrolar dessa marcha rumo à insegurança coletiva é a mesma, em todo tempo e lugar. Podem ter certeza, funciona assim:

1º) tem-se uma cidade pujante, em franco desenvolvimento em vários setores de atividade (da madeira, da agropecuária, do comércio, da prestação de serviços, dentre outros);

2º) por falta de coesão das forças políticas, bem como pela apatia dos agentes que detêm o “poder de mando” local, não se pensa à longo prazo, na certeza cruel de que “o paraíso aqui se instalou” e “a fonte nunca vai secar”;

3º) justamente pela apatia e desunião políticas, os projetos de médio e longo prazo relacionados à geração de emprego e renda, de forma crescente, cedem lugar à especulação principalmente imobiliária;

4º) Enquanto isso, no setor madeireiro (que gerou quase que absolutamente o único meio de trabalho no local, ao lado do comércio), as famílias se proliferam, crescem os filhos, parentes vêm de outras cidades para trabalhar, enfim, a “população madeireira” chega ao ápice;

5º) Como resultado disso tudo, o setor imobiliário cresce vertiginosamente, enquanto que o setor madeireiro impera e prospera a passos largos, gerando emprego e renda satisfatória;

6º) Mas, a partir do momento em que a principal atividade econômica enfraquece, começa o caos. Sim, porque justamente nesse momento, onde a cidade deveria conviver com a diversidade de segmentos produtivos, não há alternativas. A ilusão de que o setor imobiliário é solução para todas as mazelas cai por terra. Não poderia ser diferente, afinal, a renda auferida com a venda de imóveis e, principalmente, com os aluguéis, vão parar nas mãos dos proprietários, que não têm obrigação alguma de gerar emprego. Diga-se de passagem, um direito seu;

7º) Então, convivendo com a estagnação econômico-financeira e sem alternativas de emprego, a população local fica insegura e deprimida. Não se sabe bem o porquê, mas o aumento da criminalidade tem uma relação direta como o aumento das taxas de desemprego, com a redução de oportunidades, com as deficiências na educação e saúde, com a falta de infra-estrutura básica e saneamento; enfim, aumentam os casos de furto na cidade.

Aos poucos, o furto qualificado (em especial com arrombamento de residências) prolifera de modo crescente; para piorar, o roubo (espécie de crime parecido com furto, só que com emprego de violência ou grave ameaça) também aumenta, aumentando proporcionalmente o medo e a insegurança da população que, neste momento, “começa a retirar as cadeiras da calçada”;

8°) Por ironia, as pessoas furtadas/roubadas são, principalmente, as que têm menos condições de se proteger, ou seja, as que têm menos poderio econômico e financeiro, até porque não conseguem pagar por serviços de vigilância, não conseguem instalar alarmes em suas residências, ou proporcionar à família e ao seu patrimônio um mínimo de garantia.

Dessa forma, vêem suas casas arrombadas, seus poucos objetos adquiridos a duras penas levados pelos “marginais” (sim, os que estão à margem da sociedade e das possibilidades de inclusão), sua intimidade violada, e afinal aquela sensação que toma conta de todos nessa situação – a sensação de impotência;

9º) De outro lado, tem-se a parcela da sociedade com condições já satisfatórias de poderio econômico, quase sempre alcançado com o “suor de seu trabalho, de forma honesta e digna”, é importante frisar. Também vítima da criminalidade, essa parcela da população enclausura-se em suas propriedades, sob a forma de cercas elétricas, muros altos, alarmes ultra modernos, segurança monitorada, etc.

Da mesma forma que os menos abastados (isso já acontece, acredite) quando chegam em casa no final de um dia de trabalho, trancafiam-se em seus lares, “retiram as cadeiras das calçadas” porque já vem a noite e o perigo começa a rondar.

Esse é o quadro atual da criminalidade em nossa cidade, infelizmente. O que acontecerá daqui por diante, não sabemos.

Não sabemos, mas podemos prever, já que esse processo é corriqueiro em qualquer lugar do Brasil. O círculo da criminalidade passa de pequenos furtos para furtos qualificados (por exemplo, arrombamentos), chegando ao roubo (emprego de violência para obter o produto do crime).

Na seqüência, o criminoso, amparado pela sensação de impunidade, pela escassez de policiais e viaturas – quase sempre “quebradas” ou sem combustível – começa a se reunir em bando para a prática de delitos. Começam então os assaltos ao comércio em geral, com a organização criminosa dando os primeiros passos. Daí por diante, o esperado: organização em bando ou quadrilha, seqüestros relâmpagos, assaltos nas calçadas, em filas de bancos, famílias sendo rendidas dentro de casa, estupros, roubos de carros e motos, desmanche, aumento do consumo de drogas em razão do aumento do tráfico de entorpecentes, etc.

Nessa altura, aqueles que tinham a ilusão de proteção, por causa da cerca elétrica, do alarme, do monitoramento e outros “dispositivos seguros”, já não terão mais segurança. Os seus filhos sairão para estudar, para se divertir à noite, para dançar, namorar, fazer amigos. Estarão nas ruas, à mercê da mesma criminalidade a que outrora estavam seguros. Agora, o perigo não estará mais na possível entrada ao interior da residência, mas sim na chegada à sua casa, na calçada, nos bares, na droga, nos seqüestros…

Nós, cidadãos sinopenses, não queremos conviver com um quadro assustador assim. Não queremos, não podemos e, principalmente, temos o dever cívico de atuar em prol de nossa sociedade, e em repulsa ao avanço da criminalidade.

Como fazer isso?

Não é simples, bem sabemos. Mas precisamos exigir das pessoas, as quais confiamos o projeto e desenvolvimento da cidade, maiores e mais qualificados esforços para minimizar essa mazela. Logo, devemos exigir dos agentes públicos e políticos que detêm um poder que foi por nós, povo, à eles outorgado.

Não esqueçamos nunca de que os agentes políticos desse nosso Brasil são, efetivamente, “FUNCIONÁRIOS DO POVO”, e muitas vezes esse povo, por falta de esclarecimento, entende que a atuação desses agentes favorece a população, em virtude de sua boa vontade.
De uma vez por todas, entendamos que os agentes políticos têm o DEVER, A OBRIGAÇÃO de prestar serviços à população, em razão do mandato outorgado pelo povo por intermédio do voto.

Não fazem favor algum, não atuam conforme sua “boa vontade” mas, sim, atuam porque são “empregados” do povo. Quando se candidataram, assumiram o compromisso de representar os cidadãos por meio do Poder Legislativo e Executivo. São “a voz do povo” no direcionamento dos projetos voltados ao bem estar público.

É incrível como numa sociedade onde à todo momento, em jornais escritos e televisivos, bem como na imprensa em geral, noticia-se furtos e roubos diuturnamente, e a questão da segurança pública não é debatida com ênfase e com a energia que a situação pede.

E nós, enquanto povo, enquanto cidadãos de bem e trabalhadores honestos, que pagamos nossos impostos e contribuímos para a pujança local, devemos exigir dos agentes políticos a tomada das rédeas da segurança pública, seja por meio de políticas públicas voltadas à inclusão social, à geração de emprego e renda e à instalação de infra-estrutura básica urbana, seja por meio de melhoria imediata da prestação de serviço policial, com aumento urgente de efetivo e conserto e/ou aparelhamento das viaturas.

O momento é esse (ainda). Momento para que a sociedade sinopense una suas forças, que faça um pacto de coesão e solidariedade em prol da melhoria da segurança pública, deixando de lado as vaidades políticas que tanto mal trazem ao desenvolvimento local.

Não esqueçamos, por fim, que as nossas crianças e adolescentes crescem nessa terra de oportunidades, ouvindo dos pais, avós, tios e professores, a respeito das dificuldades que aqui encontraram no início de seu desbravar, bem como da grandeza e da magnificência que se tornou sua cidade em poucos anos de vida; e que agora essas mesmas crianças e adolescentes têm diante de si uma situação inusitada, porque ao lado do desenvolvimento urbano e rural, cresce em muito maior proporção a criminalidade, a violência e a sensação de insegurança e impotência.

Exija. É seu direito e dever. E ao final poderemos, juntamente com a nobre colega advogada, colocarmos sem medo nossas “cadeiras na calçada”.

Carlos A. de Paula é advogado em Sinop

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