sábado, 20/abril/2024
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A vida dura do agro-boy

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O centro-oeste possui figuras exóticas denominadas com termos característicos, dentre eles o Agro-boy, que é o filho do novel e desorientado fazendeiro de “soRja”; tem também o boi-atleta, bovino geralmente de raça zebuína, treinado para viver correndo atrás de comida; não nos esqueçamos das famosas “jararacas de repartição”, mulheres bem tratadas, que escoiceiam nas repartições públicas, respondendo sempre com grotescos e irritantes gerúndios. Para chamá-la dá-se pequeno pigarro, esfrega-se o dedo polegar sobre os dedos indicador. Vem correndo!

Seu pai ostenta uma luxuriante riqueza, que na verdade é fruto do crédito abusivo. Esse jovem, aparentemente bem nascido, muitas vezes é viciado em álcool e acha que usar drogas é muito chique e desfila com camionetonas cheias de alto-falantes, provocando um bombástico barulhão, exclusivamente para encher o saco dos outros, pois seu veículo é tapado com vidros tão escuros, que sequer permitem que ele apareça. Anda em alta velocidade, arrancando suspiros de mocinhas da periferia que sonham com uma gravidez e pensão farta depois. Coitadas!

O pai do “agro-boy” é engraçado: não tem medo de dívidas, pois possui a filosofia “centro-oestista” de que dívida não se paga, se administra e que dinheiro do Banco do Brasil é dinheiro de ninguém, na melhor interpretação do pensamento do assaltante de bancos Lúcio Flávio, no filme “Lucio Flávio, o passageiro da Agonia”. Quando descobre que o filho nabado e perdulário está perdido nos vícios do álcool e das drogas, manda-o para uma clínica ou contrata advogados que têm grande “respeitabilidade” nas Delegacias de Polícia; quando termina o tratamento contra o álcool, presenteia o filho com um “charmoso” litro de whisky estrangeiro, adquirido no Paraguai. A propósito de advogado, diz que só servem para alguns acertos com a polícia; no resto ele não precisa: ele compra o juiz.

Tem notado algumas incoerências no seu “velho”: ele fala que tem gerar empregos no estado!… mas compra máquinas e mais máquinas, que dispensam os trabalhadores; fala arrogantemente, que precisa produzir alimentos para “este país”, mas todos os dias passa venenos terríveis na plantação! Queixa-se da carga tributária… muito elevada! Mas esses dias o seu carro foi preso por falta de pagamento dos impostos!

Á vida desse moços é muito dura! é obrigado a dormir o dia inteiro, para honrar sua família nas noitadas de todo o dia; não tem tempo para freqüentar a escola, afinal, para que escola, se seu pai lhe dá tudo quanto deseja? É um grande atleta sexual: dono de uma libido indescritível: bastam dois comprimidos de viagra que o bichinho fica tinindo.

Crise, que crise? faz três meses que não fala com o pai; a mãe, já nem sabe mais quem é, pois seu pai geralmente lhe aparecia com uma mulher diferente a cada vez. É muito trabalhoso perguntar! Televisão, rádio? só os ruídos metálicos que usa para azucrinar a vida alheia! cultura? já ouviu falar, pois seu “generoso” pai, às vezes falava disso quando voltava do plantio das roças. Faz de conta que não sabe distinguir um boi de um pé de milho. Acha que é chique e urbano ignorar as coisas da terra. Ao descrever um pé de soja como uma planta alta, de folhas largas e compridas, com caule cheio de gomos, identificou com perfeição um pé de cana. E a crise? Ora, o pai lhe dá tudo! Numa de suas noitadas em uma boate da cidade, os “amigos” jogaram óleo na pista para os carros patinarem e ele, o mais bem dotado de todos, acelerou tanto seu veículo, diga-se, do seu pai, que as bielas dos êmbolos do motor se entortaram. Teve que ir a pé para casa. Noutro dia, em outra casa do gênero,mandou descer o estoque de bebidas e mandou cobrar do pai, que lhe passou uma enorme repreensão: “filho quem tava lá contigo! Ô meu, tava aquela loirinha que o senhor gosta tanto. Ah, bom! Então tá.

O “agro-boy” fala diversas línguas: mas cada uma delas possui no máximo seis pa-lavras, que são usadas para dizer quase tudo! O que a língua não comporta alguns gestos preenchem; os “modernos” comunicadores dizem que há comunicação e que a gíria deve ser respeitada.

Pois que não se generalize, e que ninguém se sinta incluído nestes pensamentos colhidos de diversas fontes; aberrativos, mas com origem. Oxalá a crise passe, os preços se recomponham e que ninguém precise tirar a camionetona do filhão para vender.

Luiz Pinheiro é advogado em Sinop

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