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A revolução das pipas

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Exma Presidente da Câmara Municipal de Vereadores e demais representantes da população eleitoral de Sinop, façamos com as crianças deste município “A revolução das pipas”! – Afinal, o que significa “A revolução das pipas”? Certamente, essa é a questão que nos vem imediatamente à cabeça. Pois bem, tentarei explicar objetivamente e espero ser compreendida: se andarmos pelas periferias da nossa cidade, no final da tarde; se olharmos para as ruas empoeiradas (e sem redes de esgoto); se encontrarmos
grandes encontros de avenidas, os populares “redondos” – locais ideais para florescermos e construirmos parques infantis, campos para jogos, bancos aconchegantes, onde as pessoas respeitadas pudessem se encontrar e
partilhar suas vidas, na alegria e na paz de seu lugar escolhido para morar (não, não é romance, é DIREITO); ainda, se olharmos para o céu com atenção e encontrarmos muitas, mas muitas crianças e também adolescentes e também adultos empinando pipas, aí sim compreenderemos que no céu da nossa cidade a linguagem infantil, no
perambular de suas pipas, está pedindo: – Queremos e precisamos garantir nossos direitos de cidadãos brasileiros!!!

Senhores vereadores, legislar para o povo é muito mais do que discursos, há que se construir políticas públicas municipais!!! – Até quando POLíTICA será compreendida, tal como a sra presidente conceituou na última sessão da câmara de vereadores, como “feita em palanque na época de campanha eleitoral”? – Até quando a Câmara de Vereadores funcionará sem TRIBUNA LIVRE? – Até quando a política do medo predominará? Como professora e pesquisadora da área da infância, penso que é de suma relevância agirmos de acordo com os padrões de uma ética e moral pautadas na honestidade, no respeito aos direitos e na permissão de execução de deveres cívicos, cuja materialidade está nas ações cotidianas das pessoas de toda a comunidade, sobretudo naqueles que gestam, fiscalizam, criam e representam o bem comum. Por que digo isto? Me preocupa, profundamente, como mãe, como profissional e cidadã de direitos do meu país, as referências (o que também pode ser compreendido como “os exemplos”) que nós, ADULTOS, somos para as crianças do nosso município. Vou relatar um fato para que possamos refletir e talvez nos afetar (no sentido de afeto e sensibilidade, gestores de ações políticas consequentes):

No dia seguinte a prisão do “então digníssimo” senhor Prefeito Municipal, Nilson Leitão, as crianças de uma determinada escola da rede municipal de Sinop, em horário de recreio, sem os cuidados de nenhum adulto (todos os professores estavam na sala de professores fazendo seu lanche, seu descanso, dos quais tem direitos e não pretendo entrar na profundidade da questão) brincavam de “polícia e ladrão”. Um dos meninos (de apenas cinco anos de idade) prendia as mãos do outro colega, sob o comando das seguintes palavras: “-Pare, o sr está preso, polícia federal!” O que mais as crianças estão aprendendo com as nossas ações sempre políticas de (con)viver em Sinop?

Jaqueline Pasuch – é professora na Unemat Sinop é doutora em Educação “políticas públicas e exclusão social”

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