A sigla EaD refere-se à educação a distância, indiscutivelmente a maior inovação desta era do conhecimento, no setor educacional. Nascida no século XX, na forma meio tosca do ensino por correspondência (coube-nos, por sinal, nos anos 60 dirigir os cursos por correspondência do antigo Departamento Estadual de Administração, destinados a todo o funcionalismo público estadual, quando ainda se procurava qualificar o servidor e as repartições não se tinham convertido em cabides de emprego), evoluiu para as tecnologias contemporâneas: mídia impressa, CD-ROM, DVD, rádio e TV, softwares de computador, áudio e videoconferências, entre outras. Hoje, processa-se verdadeira reviravolta nos meios educacionais com o uso disso tudo no processo ensino/aprendizagem e a obsolescência crescente das didáticas da velha escola estritamente presencial, fundamentadas no giz, no quadro negro e na saliva.
Trata-se de uma exigência do progresso das comunicações humanas, ditada pela velocidade das informações e dos saberes do nossos tempos. O diploma dos cursos tradicionais dos ensinos médio e superior, que antigamente representavam suficiência vitalícia para o exercício de uma profissão, já não consegue disfarçar suas insuficiências, dados os milhões de novos conhecimentos que se acumulam no dia-a-dia dos avanços científicos do nosso tempo (metade do que foi aprendido pelo aluno de engenharia fica desatualizada 18 meses após a conclusão do curso – apud Michel Moore e Greg Kearsley, in “Educação a Distância”, SP, Thomson, 2007). Daí que a exigência de uma educação permanente, que assegure a atualização das pessoas, mediante pesquisas próprias e continuadas, passou a ser indispensável para o adequado exercício de uma profissão. E, como o ensino formal e presencial não dispõe de meios para assegurar essa incessante atualização, resta a quem dela necessite lançar mão de cursos e programas ligados à EaD. Muito embora haja resistências por parte de professores tradicionalistas, que temem perder seus postos de docência pelo avanço dessas novidades, ou de chefes empedernidos, que sendo incapazes de compreender a importância desses novos processos se opõem à sua adoção em seus locais de trabalho e mando, há que levar em conta o fato de a EaD ter chegado para ficar. Sua permanência é irreversível, e ai de quem não consiga admitir essa irreversibilidade e não busque, com ela, estabelecer o melhor dos convívios. Tanto na atualização dos saberes, quanto na sua complementação continuada, seja na forma de cursos conceituais ou instrumentais, seja na autodidaxia da busca diária dos acréscimos daquele saber, que muda inexoravelmente do dia para a noite, a EaD será, daqui para o futuro, a grande arma que permitirá a todos participarem da guerra competitiva em que se metamorfoseará a convivência humana no século XXI. Essa nova Virginia Wolf, de quem será inútil ter medo, porque não é fruto de capricho de futurólogos brincalhões, e sim uma condição de sobrevivência nesta era da informação, aí está para ajudar as novas gerações a vencerem o desafio lançado pelo avanço contínuo e incessante da ciência e da tecnologia. Como muito bem disseram os autores da obra acima citada: “A educação deixou de ser um processo de aquisição de conhecimento como preparação para a vida e o trabalho, e tornou-se um processo de inicialmente preparar e então reparar o conhecimento ao longo da vida.” Essa a grande, se não mesmo a maior das revoluções havidas no setor educacional do mundo em que vivemos.
*Paulo Nathanael Pereira de Souza é doutor em Educação e presidente do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).