Depois de tantos casos de abusos neste país, parece que se tornou um costume, uma rotina nacional, quando assistimos os veículos de comunicação mostrando fatos ridículos que vem acontecendo nos últimos tempos. Conflitos com o gás da Bolívia, crise energética, problemas na defesa sanitária de produtos agropecuários, escândalos em Brasília, licitações fraudulentas, depoimentos falsos nas CPI´S, etc. Venho de uma família que conquistou através do trabalho no campo, a vida inteira, para conseguir um lugar ao sol de maneira honesta, digna e determinada, a qual me ensinou valores morais que hoje, parecem utopia na frente de tantos absurdos neste país. Isso cansa e aborrece a gente. Mas isso, não pode ser motivo para desesperanças. Somos todos nós, a grande força que pode fazer a diferença, integrados e unidos, enfrentando mais este desafio nacional, de empunhar nossa bandeira em prol do desenvolvimento e conquistar soberania. Temos sim que provocar manifestos, mas de modo pacífico, e mostrar força diante deste cenário vergonhoso em nossa nação, tanta corrupção, incompetência administrativa e outros fatos que recentemente estamos assistindo em rede nacional.
O governo ainda não deu respostas concretas para a solução do agronegócio, tanto estruturais como conjunturais e talvez ainda possam dar respostas insuficientes novamente. Não podemos parar os manifestos, mas creio que devemos mudar a estratégia. Quem neste país é consumidor de nossos produtos? É a grande população urbana, que estão localizadas nos grandes centros urbanos. Estes brasileiros não imaginam a dimensão da importância do agronegócio. Não vivem nossa realidade e que desconhecem o grande universo e efeitos das cadeias produtivas. Estes sim, têm que ser chamado a atenção para ficar do nosso lado como parceiros e solidários ao manifesto dos produtores. Temos que procurar sensibilizá-los, porque o governo federal não se sensibiliza e não vai se sensibilizar tão logo. Pelo menos esse governo que está aí não vai. Não estão muito preocupados, mas “fabricam” miséria e fome para distribuir bolsas famílias e garantir mais votos nas urnas da nossa tão sofrida massa popular. O rombo no agronegócio ultrapassa os 30 bilhões de reais e isto só tende a aumentar pelo Custo Brasil que está por vir, com efeitos “cascata” em outros segmentos. Chegamos ao limite.
Brasília, não é mais um palco de grandes atenções para manifestos, ficou muito manjado e cansativo. Ali todos se manifestam de várias formas e se formos de novo, seremos mais um, dentre todos outros que já existiram e não surtiu efeito. No momento, o movimento já se espalhou pelo país afora, trancando saídas de armazéns, ferrovias, estradas e logo vão trancar portos também. Mas, infelizmente, em alguns casos, por parte da sociedade, acabam criando sentimentos de repúdio e antipatia pelo movimento, por infringir o livre direito de ir e vir do brasileiro. A sociedade tem que ser solidária, tem que ser parceira.
Deste modo, deixo aqui, como sugestão, que todos envolvidos neste grande movimento, sejam produtores, sindicatos, e lideranças deste movimento em todo Brasil que pensem e analisem se não é melhor todos irem para o centro da nossa maior cidade do país, São Paulo, na Avenida Paulista, dar um verdadeiro “Grito do Ipiranga”, onde no passado já tivemos o Grito da Independência. Diante daquele coração financeiro, rota de exportação e importação, mais de 20 milhões de pessoas, fazer “tratoraço” e “panelaço”, de modo ordeiro, correto e pacífico, distribuir e doar alimentos, usando “caras pintadas”, chamar atenção de toda a sociedade e sensibilizá-los para a grande importância desta luta, pois está em jogo a produção, distribuição e o abastecimento de produtos e alimentos destes. Estão em jogo, toda a economia do país, empregos e renda. Esta população tem que ser chamada para serem solidários com o protesto, e também todos os segmentos da cadeia produtiva, indústrias de fertilizantes, de máquinas, redes de supermercados, outros setores da agro-economia que não estão sofrendo tanto com a crise (mas que logo poderão sofrer), enfim, todos os segmentos e juntos fazer um grande evento nacional naquela cidade, e também outras capitais. Também protestar contra as corrupções e falta de gestão dos nossos governantes.
Será uma coisa inédita, que com certeza vai chamar atenção de muita gente. Vai ser um palco para a mídia focar com mais atenção. Mostrar para essa gente que se existe alimento barato na mesa, não é mérito do governo e que sem os produtores isso diminui ou acaba. Vamos analisar isto com racionalidade, e pensar nesta proposta, nesta estratégia e seus efeitos. O lema é sensibilizar a sociedade, para, além de serem solidários com os integrantes do movimento, possam também fazer mudar a intenção de voto de muita gente, para próximo outubro deste ano.
P.S. – Alguém pode me explicar o que significa “Prioridade Zero” na agricultura ?
Amadeu Rampazzo Junior – engenheiro agrônomo em Sinop-MT