quinta-feira, 28/março/2024
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A Lavagem das Escadarias e todo seu conteúdo e contribuições

Simone Alves, jornalista em Cuiabá
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A Lavagem das Escadarias de São Benedito e Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, que aconteceu em 28 de junho também foi marcada pela despedida da coordenação do evento de Alair Fernando Neves. Alair entregou a carta de afastamento por tempo indeterminado após atuar em três edições deste importante momento da cultura.

Aos 76 anos, Alair liderou a organização da lavagem por ser um grande incentivador e defensor da cultura negra. Desde o início do trabalho, que culminou na criação da comissão organizadora, até a realização da terceira edição, ele buscou a união das diversas religiões e deu passos importantes na disseminação da cultura da tolerância. Ele deixa o evento fortalecido, esperançoso que as diversas comunidades possam abraçar a causa.

A lavagem já ocorreu há quase duas décadas e foi retomada com o intuito de também ser mais um atrativo para a Festa de São Benedito, o santo negro que, para muitos é o santo da congregação. E com este ideal, a Lavagem, cuja maioria dos participantes integra as religiões de origem africana, consegue abraçar outras crenças. Todas as crenças! Católicos, candomblecistas, umbandistas, mulçumanos, ciganos e têm até mesmo representantes de quilombolas. Todos movimentando a bandeira da paz.

O ato tem muita história e muita gente envolvida que poucos conhecem. Um dos primeiros incentivadores de Alair para que ajudasse a organizar o evento foi Fernando Baracat. Com experiência na divulgação da Festa de Benedito, Baracat também deu suporte à realização do ritual. O vereador delegado Marcos Veloso é padrinho do evento. Como católico praticamente, ele foi um dos coordenadores da caminhada da paz, realizada pela igreja de Nossa Senhora de Guadalupe e logo sentiu a necessidade de contribuir com mais eventos com o tema. “Cuiabá precisa de eventos que trazem a integração. Alair trouxe à lavagem um aspecto importantíssimo, que é a profissionalização. Com trabalho e insistência, conseguiu demonstrar ao poder público a relevância de um ato para a cultura. Posso dizer que a Lavagem consegue harmonizar todas as crenças. Liderado por Alair, eu mesmo já estive uma mesquita, ampliando as participações”, destacou Veloso.

A “Lavagem”, como é chamada carinhosamente pelos organizadores, já integra o calendário oficial de eventos de Cuiabá, um ato aprovado na Câmara Municipal a partir da proposição de Veloso e sancionada pelo prefeito Emanuel Pinheiro. A ‘festa’ ocupa seu lugar de representatividade em meio às comemorações populares da capital mato-grossense. Desde o início, a comissão conta com o apoio da Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo, que disponibilizou a Casa Cuiabana para os trabalhos da comissão. Também já teve o Estado contribuindo na divulgação do evento.

E, em meio ao trabalho de organização, muitos acontecimentos importantes incentivados por Alair. A participação de Antonio Mulato, que faleceu ano passado aos 113 anos, um importante representante dos quilombolas em Mato Grosso. A idade avançada não impediu de dançar e até mesmo caminhar durante a lavagem que ele fazia questão de participar. Virou o patrono do evento.

Teve também o apoio do padre Marco Antonio, da Igreja de São Benedito. A ampla participação da imprensa local é outro ponto forte do evento. A criação dos tamborzeiros que dão ritmo à caminhada no entorno da igreja. Ampliou a participação da comunidade. A mensagem de paz foi chamamento para mais de 1,5 mil pessoas. Ele iniciou os trabalhos para registro da “Lavagem” junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para que seja transformada em patrimônio cultural.

Alair se despede agradecendo a todos que contribuíram para levar este projeto adiante e que agora tem condições de caminhar com um direcionamento que ele ajudou a criar. Agradece a confiança dos líderes religiosos. Com seu vasto conhecimento e disposição, envolveu a todos, amigos, famílias, pessoas de todas as crenças, poder público, libertando, simbolicamente, a ave  da paz.

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