Mato Grosso tem 3.198 pontes abandonadas
A denúncia é séria e precisa ser acompanhada pelos empresários, pelo judiciário, pelos ministérios públicos, TCU, TCE e lógico pela sociedade mato-grossense. O governador Silval Barbosa está contingenciado os recursos públicos para as obras da Copa do Mundo que estão sendo realizadas em Cuiabá. O resto do Estado vai entrar em penúria e a produção agropecuária vai responder em breve com resultados negativos. As pontes de madeiras estão abandonadas e o cidadão correndo risco de morte.
Com menos poder de voz os municípios do interior sofrem com problemas de estradas e pontes, onde a maioria delas – construídas de madeira, estão em estado lastimável colocando em risco a vida de milhares de pessoas que se aventuram (por obrigação) a transitar pelas estradas.
Mato Grosso tem exatamente 3.198 pontes sob respontabilidade da Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana (Septu) onde – ao que se sabe – estão todas precisando de reparos e muitas precisam ser substituidas. O problema se arrasta desde o início do ano quando o governo Silval Barbosa teve condições para resolver o problema e não fez. Agora, inicia-se o período das chuvas e o governo vai poder "justificar" a impossilidade dos trabalhos.
Esta semana, o juiz Marcos Faleiros da Silva – da Vara Especializada do Meio Ambiente – mandou afastar o secretário de Fazenda Marcel Cursi por reter o valor de R$ 4.343.144,24 do Fundo Estadual do Meio Ambiente (Femam) para a Conta Única do Estado – aquela teta que não seca e é foco de roubalheira. Desobidiente as decisões judiciais, o juiz foi "camarada" e se fosse um cidadão comum Marcel teria sido preso. Em seu argumento, Marcel acabou por denunciar um rombo de R$ 27 milhões no caixa da Sema "cuja despesa está sendo bancada pelo Tesouro do Estado." – assume o secretário de Fazenda.
A questão é: se o dinheiro era da Sema (via Femam) um órgão do próprio governo Silval e teve que buscar a justiça para ter acesso ao que seria seu, como pode estar sendo conduzido o Estado, via secretaria de Fazenda? E espantoso é a denúncia do decano secretário de Fazenda Marcel que comprova um rombo de R$ 27 milhões no caixa da Sema!.
Só para referenciar, as pontes da MT 100 que liga Alto Araguaia a Barra do Garças estão em estado lastimável. Uma delas, a cerca de 10 km da BR 364, próximo a Alto Araguaia deveria ter sido reconstruida em agosto deste ano. Uma outra, sobre o Corrego do Onça, na MT 110 que liga Guiratinga a Alto Garças está destruida. Uma licitação no total de R$ 172.091,19 já foi aprovada no dia 21 de agosto e até agora, próximo aos festejos natalinos não foi iniciada porque a Secretaria de Fazenda manipulada por Marcel Cursi não emite a "autorização para capacidade de empenho", o que representa o aval do Estado para a construtora executar a obra.
É irracional e gritante tamanha insensatez do Estado já que o mísero valor (que corresponde a alguns coquetéis em eventos) obriga centenas de caminhoneiros a aumentarem o percurso em aproximadamente 300 km, já que são obrigados a seguirem de Guiratinga para Rondonópolis, passar pela Serra da Petrovina até chegarem em Alto Araguaia, para descarregarem no terminal da ferrovia ALL. Nesse trajeto ironicamente passam pelo bar do Batatinha na BR 364, local que deveriam chegar se viessem pela MT 110 e cuja distância é de apenas 120 km. A grande região do Chapadão de Alto Garças produz milho, algodão (qualidade exportação) soja e sementes de soja, além de pecuária. A gravidade se amplia já que os produtores não conseguem levar sementes e insumos para as lavouras. O custo é caro e a consequência recai para quem deveria ser merecedor de respeito por parte do governo.
O lider rural Roland Trentini, membro da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja, conta que durante cem dias (de agosto a novembro) fez diversas incursões pelos órgãos do governo pleiteando a reconstrução da ponte sobre o córrego Onça, na MT 110.
Esteve na Septu, falou com o secretário-chefe da Casa Civil, José Lacerda, e tudo não passou de promessas. Ele contabiliza os custos que os produtores de uma área de cem mil hectares terão a mais para produzir para a próxima safra. Indignado Trentini desabafa afirmando que "É uma visão caolha por parte do Estado, que está prejudicando a sí próprio na arrecadação".
No fundo o Estado não se preocupa com isso, pois exerce o poder da caneta, das portarias (que o mandatário Marcel Cursi manobra muito bem!) e o rombo mesmo fica para o produtor.
No conjunto das coisas é espantoso se observar o que está acontecendo com este Estado. Roubos e rombos a cada novo nascer do dia tomam as manchetes dos veículos de comunicação. O injustificável é que o dinheiro vai e não tem retorno. O preventivo, pelo visto, não existe.
*Alberto Romeu Pereira é jornalista em Cuiabá – Mato Grosso