É com o objetivo de tentar sensibilizar as autoridades constituídas do Estado da real necessidade de manutenção da Companhia de Mineração de Mato Grosso (Metamat) que apresento meu ponto de vista sobre a importância do órgão.
Todo teor descritivo deste artigo é de minha inteira responsabilidade e não expressa a opinião dos nossos dirigentes.
Sou fã de carteirinha do governador Blairo Maggi. Trabalhei para ele em 2002, quando ele tinha apenas 3% de intenção de voto e, agora, em 2006, também hipotequei a ele total apoio, por considerá-lo competente, honesto e excelente gestor. E o apoiaria quantas vezes fossem necessárias. Todavia, estou discordando veementemente em relação à proposta de extinção da Metamat. Não só por fazer parte do quadro, mas pela grande viabilidade econômico-social que a empresa representa para o Estado e, num contexto ampliado, ao nosso país. E por ter em seu quadro profissionais de extrema competência e capacidade técnica.
O nosso Estado surgiu, a partir da mineração, em 1718 (século XVIII), onde entradas e bandeiras, expedições portuguesas que para cá vieram em busca de especiarias e pedras preciosas, se utilizaram do rio Coxipó-Mirim como via de locomoção dos mesmos. A intensa e desenfreada exploração dos recursos minerais levou o mesmo a exaurir, principalmente o ouro de aluvião.
Em função de o nosso Estado apresentar dimensões continentais, a Coroa Portuguesa, para salvaguardar a fronteira brasileira, cria a primeira capital de Mato Grosso, Vila Bela da Santíssima Trindade, no extremo Oeste, região fronteiriça com a Bolívia e Rondônia, que teve como seu primeiro governador geral dom Rolim de Moura.
Tem-se início a ocupação da região Norte do Estado, na década de 70, a partir da abertura da BR-163 (Cuiabá-Santarém), até a confluência da borda sul da Amazônia Legal brasileira. Então, o fluxo migratório se deu em função da descoberta de depósitos colúvionares e aluvionares do rio Peixoto de Azevedo e seus tributários.
Hoje, por sua vez, em pleno século XXI, as ações da Metamat são muito mais substanciais, haja vista que, além da pesquisa e prospecção, desempenha papel de fomento ao desenvolvimento sócio-econômico, através da instalação de poços artesianos, como aconteceu em Campinápolis e Novo São Joaquim, entre outros.
Isto é uma prova inequívoca de ação social, pois água é vida e as populações mais longínquas sentem a necessidade de uma melhor qualidade de vida.
Economicamente, a utilização do calcário dolomítico nas plantações de soja, milho, arroz, feijão e outras, também são fatores determinantes de desenvolvimento econômico. Os estudos de qualidade e viabilidade são desempenhados pela companhia.
Ao invés de extinção, deveriam ser criadas políticas públicas de ações compartilhadas, de forma a criar parcerias com a Sema, o Imeq e outros órgãos, no sentido de nortear ações mais eficazes e consubstanciadas.
Um órgão que resistiu a três décadas e meia (35 anos) a duras penas, às mais diversos intempéries de ordem econômica, política e social, oriundo de mudanças governamentais, não pode sucumbir ao capricho de alguns. O que mais motiva a nossa luta em prol da manutenção da Metamat são depoimentos de pessoas que doaram praticamente uma existência à instituição. É o caso de dona Dionísia, exemplo vivo de obstinação, fé e perseverança, mesmo percebendo um salário humilde.
Sei que serei criticado por alguns ‘intelectualóides’ que irão me chamar de coorporativista e outras coisas. Contudo, tenho certeza de que a maioria esmagadora da população mato-grossense e brasileira irá me apoiar, pois não estou legislando em causa própria. Busco sim, estabelecer a verdade.
Prefiro ser criticado por aquilo que faço que ser aplaudido por aquilo que deixo de fazer.
Lício Antônio Malheiros é Geógrafo e pós-graduado em didática do ensino superior