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A fúria dos deuses

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Os acontecimentos por que passa o planeta, tanto na área econômica como nas questões ambientais nos últimos dias, sugere-nos uma verdadeira fúria dos deuses, como se estivéssemos vivendo uma mitologia grega, aliás, uma mitologia capitalista. Foi nesta mesma coluna que escrevi sobre a morte de um deus, “o deus mercado”, deus muito respeitados pelos economistas ortodoxos, adeptos do liberalismo, chamados nestes tempos de neo-liberalismo.

Mesmo que os bancos centrais de quase todos os países do mundo, estejam tentando conter o desmoronamento de bancos menores, injetando bilhões de dólares para segurar a crise financeira global, ou crise de capitalismo, não vem surgindo os efeitos devidos, e agora se alastra para a economia real, como se os deuses que antes estavam sufocados pelo deus mercado, deuses estes, da inclusão social, geração de empregos e renda, distribuição equitativa das riquezas produzidas pelos trabalhadores de todos os cantos do mundo, do meio ambiente, estiverem vingando-se ou entrando em alforria.

Assim como na mitologia, os falsos deuses, tem a malícia de induzir seus fieis a cometerem absurdos, o “deus das finanças” induziu centenas de bancos a entrarem na corrida hipotecaria imobiliária americana, emprestando dinheiro a famílias castigadas pelo flagelo do desemprego, com a intenção de abocanhar mais juros, pois os empréstimos a grupos de riscos ou sub-prime, demanda uma taxa maior de juros, aguçando o apetite por dinheiro dos semi-deuses ( banqueiros), esses bancos de investimentos começam a quebrar em cascatas, diminuindo a liquidez no mercado, provocando assim uma diminuição de dinheiro nas empresas que produzem riquezas ou dinheiro para financiar o consumo, impulsionando a produção das fabricas, serviços e do comércio.
Outro sinal de que os deuses estão furiosos, foi o que vimos nos últimos dias em Santa Catarina, uma catástrofe, neste fato o deus do meio ambiente tem toda a razão de estar furioso, e parece que como aviso, os desastres aconteceram na região sul, pois é de lá que vieram a maioria dos desbravadores (desmatadores) do serrado e da floresta amazônica, as mudanças climáticas ( aquecimento global) e o vendaval financeiro (crise do capitalismo), são fenômenos interligados pela ganância dos semi-deuses (banqueiros, reis da soja, reis do algodão e outros monarcas como o moto-serra de ouro).
Porém, estes deuses em fúria costumam castigar justamente o povo ou os simples mortais, é assim que eles avisam sobre a força que temos, não creiam que algum semi-deus vá pagar a crise de capitalismo que vivemos, essa conta os deuses derramarão sobre nós, com mais desemprego e miséria, principalmente nos países periféricos. Ou os desastres ecológicos acontecem sempre em áreas habitadas por pessoas pobres, pois os magnatas estão em mansões seguras e sem riscos de desabamentos.

É possível mudar isso? É claro que é, depende da capacidade dos simples mortais entender que os deuses financeiros e deuses do mercado, são deuses falsos e apesar de estarem com a morte cerebral decretada, ainda os semi-deuses esperam por um milagre, e se isto acontecer ficarão ainda mais poderosos ( ricos) e nós, sem cerrado, sem floresta amazônica, sem casas e sem dignidade.

Carlos Veggi é Consultor e Curioso do Mundo.

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