sexta-feira, 26/julho/2024
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A crise americana

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A pergunta que todos estão fazendo: E se o Congresso Americano não autorizar o tão esperado aumento do limite do endividamento? Em verdade, ninguém tem a resposta. Pode acontecer tudo, mas o mais provável é que fique tudo como está. Não aconteça nada. Hoje, ninguém tem a capacidade de enxergar um cenário que resultaria de um calote na dívida pública americana. Seria uma verdadeira hecatombe econômica. Todos os países sairiam perdendo. O efeito dominó seria devastador. O mercado tenderia a entender que, se os EUA estão insolventes, como estarão os outros. Aí a insolvência seria generalizada. E é por essa razão que acredito que, o mais provável, é que nada aconteça.
Um calote da dívida americana resultaria em prejuízo financeiro para alguns países, entre eles o Brasil que, com US$ 211 bilhões aplicados em títulos dos EUA, é o quarto maior credor do tesouro americano, perdendo apenas para a China (US$1,16 trilhões), Japão (US$ 912,4 bilhões) e Reino Unido (US$ 346,5 bilhões). Um prejuízo apenas financeiro, que, provavelmente, será recuperado no futuro. Mas os EUA perderão muito mais. Perderão sua credibilidade, que tem sido o grande trunfo para posicioná-los na condição de líder mundial.

Durante anos a esquerda brasileira bradou aos quatro ventos pedindo por um calote na nossa dívida externa. Em 1987, o Governo Sarney, não tanto por afinidade com as teses esquerdistas, mas por absoluta falta de caixa, decretou uma moratória unilateral de nossa dívida externa. Deu no que deu. Foi um período negro para a economia brasileira, passamos quase uma década de costas para o mundo. Somente fomos recolocados nos trilhos do desenvolvimento quando recuperamos nosso crédito internacional, com o apoio do FMI, que se colocaram como fiadores, no acordo celebrado com os bancos internacionais em 1992, já no Governo Itamar Franco. Foi somente a partir desse acordo, que se abriu novamente as portas para os financiamentos de longo prazo dos organismos e entidades governamentais. O Brasil recuperou sua credibilidade e voltou a respirar aliviado.

Os EUA não são uma Grécia, que agoniza aos olhos do mundo, sem nenhuma comoção extremada. É a maior economia do mundo. Seu PIB de US$ 14,6 trilhões de dólares (em 2010) é quase três vezes maior que a segunda maior economia, a chinesa (PIB de US$ 5,9 trilhões). Equivale-se ao PIB dos 15 países da Zona do Euro, que somados produziram US$ 16,3 trilhões em 2010.

Além disso, é o maior parceiro comercial da maioria dos países. Sua moeda, o dólar, é padrão no comércio internacional. É também o país que goza da maior credibilidade econômica. É para lá que correm as aplicações dos capitais mundiais, sempre que se vislumbra uma possível crise mundial. Por outro lado, é também o maior devedor internacional.
Essas superlativas dimensões lhes trazem bônus e ônus. Os bônus, porque pagam os menores juros internacionais e ônus, porque têm responsabilidades perante as demais economias do mundo e, com certeza, saberão equacionar seus problemas sem dar calote em ninguém, pois caso isso aconteça seria dar um tiro no próprio pé.

O mais provável, caso não cheguem a um consenso até quarta-feira, 03 de agosto, é que o Governo Americano entre em uma situação chamada de default parcial, quando não haverá verba para honrar todos os pagamentos. Neste caso, acredito que se repetirá o que já aconteceu em 1995, no governo Bill Clinton. Na época o governo optou por suspender serviços não essenciais e, até mesmo, o pagamento de salários e aposentadorias. Mas não mexeu no pagamento da dívida. Honrou todos os seus compromissos. E isso deverá se repetir.

Waldir Serafim é economista e consultor financeiro em Mato Grosso
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