Corrupção. Escutamos essa palavra e já nos lembramos dos jornais, dos políticos, desvio de verbas, dinheiro público e que ela está a mais de mil quilômetros da gente, lá em Brasília. Mal sabemos nós que ela está tão presente no nosso cotidiano, na nossa casa, na nossa escola, na nossa rua e até mesmo, na nossa família e simplesmente nem notamos, ou, se notamos, preferimos esconder a realidade. O ato de utilizar o poder que temos sobre certo alguém para tirar alguma vantagem, é corrupção. Quem nunca abusou do irmãozinho mais novo dizendo: "você não pode contar isso pra mamãe, se não eu vou contar pra ela que você brigou com seu amiguinho", " se você contar pro papai, eu não vou te ajudar a fazer a lição", " se você não fazer o que eu estou mandando, eu vou contar pra todos os seu amiguinhos que você ainda toma mamadeira" e por aí vai. Ou então imagine a seguinte situação: é final de semana e seu pai está em dúvida se vai deixar você sair ou não. Então você começa apelar pra emoção: "pai, eu tirei nota alta, não converso na aula e sou super comportado, me deixa ir à festa?" Usamos do nosso próprio poder, da nossa influência, da nossa conversa e convencemos as pessoas, nem que seja da pior forma, para obter o que queremos a qualquer custo.
Os jovens de hoje precisam de espelhos, precisam de referências que nos mostrem o que é certo ou que é errado. Talvez podemos começar a mudar esse quadro de corrupção por nós mesmos. Mas com quais incentivos? Se quando olhamos para a televisão ou abrimos a internet, vemos corrupção em Brasília, se quando olhamos para a cantina, vemos pessoas furando a fila, se estamos fazendo prova, vemos frequentemente colegas pedindo cola, se damos gorjeta para o garçom com a finalidade dele nos atender melhor, ou se pedimos para um médico assinar um atestado médico, sabendo que nem ficamos doentes? Não podemos apontar um para o outro e dizer de quem é a culpa. Todos nós fazemos isso, ninguém é santo. O Brasil acha que esse "jeitinho brasileiro" de dar jeito em tudo é lindo, é maravilhoso, é correto. O "jeitinho brasileiro" é uma vergonha, devíamos extinguir isso, é humilhante passar por cima dos outros para conseguir o que é bom para a gente, para o nosso próprio ego.
Quanto à corrupção política, é algo medíocre por parte de nossos governantes, que não honram a população e que fazem a imagem do Brasil no exterior, catastrófica, sendo um dos países mais corruptos do mundo. Às vezes me pergunto como alguém consegue desviar dinheiro público e ver pessoas morrendo nas filas dos hospitais, crianças trabalhando que nem burro de carga, em vez de ir para a escola, idosos em asilos abandonados, sem receber nada em troca, por seu trabalho prestado em uma vida inteira, assaltos e mortes nas favelas, jovens viciados em drogas, estradas com condições precárias, e simplesmente acharem normal, não sentir nada??!! Onde está a humanidade, a emoção desses seres humanos? Isso se são seres humanos, porque alguém em estado normal, tem peso na consciência, não consegue realizar tamanha maldade, sem sentir nada.
Talvez esteja na hora de dar um basta nisso. De parar de olharmos para o nosso próprio umbigo e fazer as nossas vontades, não pensando no próximo. Para mudar isso, só há um jeito: cada um admitir seus erros e tentar mudar o mundo. Podemos não conseguir fazer com que todos cooperem, mas com a nossa cooperação, faremos nossa parte e venceremos uma barreira. É fácil achar errado, difícil é fazer algo por isso. Pelo nosso bem, vamos agir e parar de manipular os outros, votar consciente para políticos que valorizam o cidadão e melhorar o mundo todo.
Ana Carolina Dal Ponte Aidar – estudante do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Cad-Sinop.