No ano de 2025, o curso de Geologia da Universidade Federal de Mato Grosso completa 50 anos de existência. A história do curso se confunde, em muitos aspectos, com a história recente do estado. O trabalho dos profissionais da Geologia está por trás do desenvolvimento do agronegócio, da ampliação da mineração de ouro, do fomento à transição energética, da preparação das cidades para as mudanças climáticas e do entendimento da história do planeta entre outras áreas. A Geologia da UFMT faz parte do passado, do presente e do futuro do estado de Mato Grosso.
A Geologia e a mineração também possuem íntima relação com a própria existência do estado de Mato Grosso. Foi a busca por recursos minerais que levou à expansão da fronteira oeste do então Brasil colônia. Com certeza, a descoberta de ouro em Cuiabá foi um dos fatores que levaram à substituição do Tratado de Tordesilhas pelo Tratado de Madri. O ouro está no hino do estado de Mato Grosso, está na história, mas também no presente, sendo hoje o principal recurso mineral extraído na unidade federativa.
O desenvolvimento agrícola do estado foi possibilitado pela mineração de calcário. Porém, para o presente e o futuro, os desafios e o papel da Geologia envolvem também a busca por minerais ricos em fosfato e potássio, elementos fundamentais para o desenvolvimento das plantas. Tanto o calcário quanto outros agrominerais cumprem um papel essencial para o desenvolvimento do estado.
Os recursos minerais do estado de Mato Grosso podem contribuir para importantes passos da sociedade e da humanidade, como a transição energética. A descoberta e viabilização de depósitos minerais de cobre e de outros elementos podem auxiliar o longo e complexo caminho da transição energética, que demanda uma ampliação na utilização de uma série de recursos minerais. Pesquisas relacionadas à injeção de gás carbônico retirado da atmosfera nas rochas também podem contribuir para o enfrentamento das mudanças climáticas.
Por outro lado, a Geologia também cumpre um importante papel na identificação e gestão de áreas de risco. Esse é um desafio enfrentado por cidades em todo o mundo, que vivenciam cada vez mais desastres associados a extremos climáticos e à utilização e ocupação inadequadas do solo. Para que exista mais resiliência, segurança e proteção para a população, são necessários estudos geológicos adequados.
A Geologia também tem um papel importante para que a população possa entender o passado das rochas, dos continentes e das formas de vida e, com isso, realizar o processo adequado de conscientização sobre os sistemas e processos que regem nosso planeta. Pesquisas sobre paleontologia, geodiversidade e ambientes sedimentares e tectônicos do passado podem ser importantes propulsores para a educação, o turismo e o fomento da economia criativa.
O acesso à água e a gestão dos recursos hídricos também passam pela Geologia, que auxilia na gestão de aquíferos — nossa poupança hídrica. Outro papel pouco lembrado está na viabilização de depósitos de areia e brita, fundamentais para fornecer os insumos necessários à construção de escolas, hospitais e muitas outras estruturas públicas e privadas.
Estes são apenas alguns exemplos que indicam a contribuição significativa dos 50 anos da Geologia para o estado e para a sociedade mato-grossense. A data é para ser comemorada, mas também serve para pensarmos nos desafios que nos aguardam nos próximos 50 anos. Parabéns a todos os profissionais da Geologia!


