Dados apresentados pelo Instituto Acende Brasil, entidade criada para fazer o monitoramento do setor elétrico brasileiro e mantida por grandes empresas do segmento, demonstram que aumentou o risco de o Brasil passar por período de racionamento de energia em 2008. O trabalho, denominado ‘risco de deficit’ aponta, para o próximo ano, uma média de nível de risco de 9%, quase o dobro do teto aceitável e do documento divulgado em julho, que previa algo em torno de 5%.
Como já venho discutindo há algum tempo, este cenário só melhorará se houver bons níveis pluviométricos em dezembro, janeiro e fevereiro. Por isso, temos uma situação complicada para o primeiro semestre de 2008, tanto para o Brasil quanto para Mato Grosso: a possibilidade de um novo apagão energético.
A situação se agrava com a interrupção do fornecimento de gás natural pela Bolívia, que abastecia a Usina Mário Covas – Térmelétrica de Cuiabá e a completa apatia dos governos federal e estadual quanto às negociações com o presidente Evo Morales. Sem a produção da Térmica de Cuiabá, com os seus 480 MW, o sistema elétrico de Mato Grosso fica instável, e com isso deixamos de exportar energia para o país.
Fico ainda mais preocupado e indignado, quando vejo a inversão dos papéis e das exigências entre os dois países. A Bolívia se posicionou, dizendo que só voltará a fornecer gás natural quando o Brasil voltar a fazer investimentos no país. O que precisamos e queremos é justamente o contrário: os investimentos na Bolívia só poderão se concretizar quando esta cumprir o seu contrato firmado há mais de 10 anos com Mato Grosso.
Temos uma perspectiva de crescimento da economia do Estado em 10% em 2008. São investimentos de novas indústrias, ampliação das existentes, fomento das atividades agrícola e pecuária, com aumento da geração de emprego e renda. Estes investimentos só irão se concretizar ser tivermos alguma estabilidade energética. E uma postura mais agressiva do governo estadual de defesa dos próprios interesses.
Os senadores de Mato Grosso se articularam e o presidente Lula já insiriu na sua agenda com o presidente Evo Morales, na semana que vem, a questão do abastecimento de gás natural para o Estado. A Assembléia Legislativa vem trabalhando a questão há mais de três meses. Estamos agora ansiosos, esperando o resultado da atuação do Estado – com a ida do vice-governador Silval Barbosa na comitiva brasileira – que, sem dúvida, precisa ser a retomada do abastecimento do gás natural para Mato Grosso.
Carlos Avalone– deputado estadual – Líder da Bancada do PSDB na Assembléia Legislativa e Vice-presidente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt).