Uma pesquisa do Departamento de Ciências da Saúde (DSA) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), coordenada pelo professor Luciano José Pereira, mostrou que quem come entretido com smartphone na hora do lanche consome 15% a mais de calorias, o que equivale, em média, a 79 calorias (um folhado de salsinha). Já a leitura de um texto faz subir para 20% o número de calorias extras, isto é: 101 calorias (nada menos que dois filés de frango de 100 gramas cada um).
A pesquisa contou com a participação de 64 pessoas, com idades entre 18 e 40 anos. Luciano José Pereira explica que os voluntários participaram de quatro sessões. Na primeira, foi avaliado o perfil de mastigação de cada um. “Distribuímos bloquinhos de silicona, que é um material de moldagem em ortodontia, para enumerar quanto aquela pessoa mastiga até engolir, número de ciclos mastigatórios e o grau de fragmentação da matéria”, conta.
Na sequência, a equipe ainda mediu o IMC (Índice de Massa Corporal) dos voluntários e levantou as preferências alimentares dos participantes durante o lanche da tarde. Em um laboratório, estudantes em jejum por, no mínimo, quatro horas receberam um lanche com variedade de frutas, pães, biscoitos, chocolate, água, entre outros. A quantidade que eles comeram também foi medida. “Em sessões aleatórias, cada pessoa fez uma alimentação sem nenhuma distração, outra lendo um texto de revista e também usando o smartphone”, conta.
Segundo o professor, os resultados comprovam que pessoas comem mais quando estão distraídas porque o indivíduo tem dificuldade de perceber as mensagens químicas que o corpo envia para mostrar que está satisfeito. “Pode parecer pouco o aumento de 15% ou 20%, mas, se considerar que esse padrão é repetido várias vezes ao dia e no mês, o ganho de peso é significativo e pode levar à obesidade”, ressalta.
Contrário ao que muita gente acredita, a pesquisa não apontou interferência do tipo de mastigação na quantidade de comida ingerida.
Durante o lanche, smartphone e texto são obstáculos ainda maiores na alimentação de quem está com sobrepeso. Para quem come e usa celular ao mesmo tempo, a diferença é de 53 calorias extras entre quem está com o IMC normal e quem está acima do peso ideal – um total de 615 calorias na refeição. O número salta para 83,7 calorias extras quando a atenção de quem tem IMC superior está presa na leitura – no total, foram 656 calorias.
As mulheres também se mostraram mais propensas a saborear alimentos gordurosos, enquanto os homens preferiram carboidratos.