Em vigor há sete anos, a Lei Seca mudou a forma de combater a combinação álcool e volante no Brasil. No entanto, uma parcela considerável da população segue ignorando-a. Um a cada quatro motoristas, 26,3%, assumem que dirigem após a ingestão de bebida alcoólica, conforme demonstrou pesquisa sobre comportamentos de risco no trânsito, realizado pela Limite Consultoria e Pesquisa. O estudo entrevistou motoristas em todo o país, atendendo a um pedido do Grupo Arteris, que administra nove concessionárias de rodovias.
O levantamento nacional demonstrou ainda que os homens representam 30,7% do público que assume a má conduta no tráfego, sendo que a maior parte deles (28,5%) está na faixa de até 45 anos.
Ações de fiscalização realizadas em Mato Grosso reforçam este comportamento dos motoristas no Estado. Os dados do Batalhão de Trânsito Urbano e Rodoviária da Polícia Militar apontam que 360 Carteiras Nacional de Habilitação (CNH) foram recolhidas na cidade de Cuiabá, de janeiro a agosto de 2016, porque os motoristas apresentavam sinais de embriaguez. Uma média de duas apreensões por dia.
Nas rodovias federais, de janeiro a julho deste ano, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) autuou 979 motoristas trafegando sob efeito de álcool em Mato Grosso, uma média diária de cinco flagrantes. O motorista pego dirigindo embriagado pode responder criminalmente caso o teste do bafômetro ateste mais de 0,34 mg de álcool por litro expelido.
Na avaliação do gerente de Tráfego da Rota do Oeste, Fernando Milléo, os dados são preocupantes e demonstram o risco que as pessoas assumem mesmo sabendo das consequências. “Nas rodovias a situação é ainda mais grave, porque o motorista normalmente percorre distâncias maiores. Além disso, a velocidade desenvolvida é mais alta também, criando um cenário propício para tragédias”.
Para conscientizar os motoristas, principalmente os profissionais, a Concessionária realiza programas, como o Parada Legal e o Rota Segura. No levantamento realizado na última edição do Parada Legal, 53% dos participantes afirmaram que ingerem bebidas alcoólicas, mas não revelaram se dirigem sob o efeito de álcool.
Milléo destaca que as campanhas são uma oportunidade de levar esclarecimentos aos que desconhecem as leis de trânsito e reforçar a importância das regras aos que conhecem, mas nem sempre cumprem. “Quando conseguimos conscientizar os motoristas sobre os riscos envolvidos na má conduta ao volante e o impacto envolvido na decisão deles, o cenário muda e acidentes podem ser evitados”.