A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) decidiu suspender as 37 vagas que seriam oferecidas para estudantes estrangeiros pelo programa de intercâmbio (PEC-G) no ano que vem. A medida foi anunciada na manhã desta segunda-feira (10) pelo assessor de relações internacionais da universidade, Paulo Teixeira de Souza Júnior. Com isso a instituição pretende reavaliar as condições dos estudantes beneficiados pelo convênio.
Teixeira negou que a suspensão seja algum tipo de retaliação pelas reclamações recentemente feitas por outros estudantes, após a morte de Toni Bernardo da Silva, 27, espancado até a morte no último dia 22 de setembro em uma lanchonete de Cuiabá. "O convênio não está cancelado, mas vamos avaliá-lo, principalmente porque receberíamos um grande contingente em 2012".
Ele esteve na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso para explicar a situação de Toni. A comissão pretende ainda ouvir representantes da Polícia Federal para entender por qual motivo Toni, natural de Guiné-Bissau, não havia sido repatriado mais de 6 meses depois da comunicação da exclusão por parte da universidade.
Para o assessor, a interposição de recurso em processo movido pelo estudante contra sua exclusão do quadro de alunos da UFMT pode ter impedido o encaminhamento para seu país natal. "Mas isso, quem poderá explicar de fato é a Polícia Federal". Teixeira contou que Toni era considerado bom aluno, embora tenha reprovado matérias nos 4 anos que fez parte da instituição. No último, 2010, das 7 matérias, ele não obteve notas e presenças suficientes para passar de ano em 4.
Sobre os problemas financeiros e decorrentes do uso de drogas, Teixeira destacou que antes de virem para o Brasil os alunos são obrigados a assinar termo em que familiares se comprometem a enviar mensalmente US$ 300 para as despesas pessoais. No entanto, a UFMT não faz controle sobre se de fato tais valores são encaminhados aos alunos. "A dependência química de Toni foi tratada pela instituição. Levamos ele, inclusive, para o Hospital Universitário Júlio Müller, mas infelizmente ele abandonou o tratamento".
Antes de negar o ingresso dos 37 estudantes, a UFMT realizou consulta junto ao Ministério da Educação e Cultura (MEC), que participa da seleção junto às embaixadas brasileiras de países da África e América Latina.
Outro lado – Por meio da assessoria, a Polícia Federal de Mato Grosso informou que em uma das 4 vezes em que o estudante foi detido, entregou a ele a notificação informando prazo de 8 dias para deixar o país. No entanto, depois disso, Silva não foi localizado.