Os candidatos à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) travaram um debate tenso na “arena” montada pela rede Globo para o último debate antes do segundo turno da eleição presidencial. Em meio ao embate de propostas, os candidatos procuraram fazer ataques mútuos a cada participação.
Em pé e livres para andar por um tablado, Alckmin e Lula evitaram trocar olhares diretos. Ambos preferiram responder ou replicar diretamente aos eleitores –indecisos, convidados pela emissora, presentes no auditório.
A rede de televisão abriu espaço para que eleitores indecisos, representantes de vários grupos da sociedade, fizessem perguntas aos candidatos, no primeiro bloco. O mediador William Bonner, a cada participação, precisou chamar a atenção dos candidatos para que não ultrapassassem o tempo de participação.
Ambos os candidatos participaram de seu quarto enfrentamento na televisão, após os debates da Bandeirantes, SBT e Record. Desde a redemocratização, este foi o segundo turno com o maior número de confrontos entre dois candidatos. Em 1989, foram somente dois. Em 1994 e 1998 não houve segundo turno. Em 2002, os dois candidatos à época somente se enfrentaram uma vez.
Educação e saneamento básico
O formato procurou estimular os candidatos a se concentrarem sobre os temas, mas não conseguiu evitar ataques mútuos utilizando as perguntas dos eleitores convidados. Logo na primeira pergunta, sobre educação, Alckmin criticou o fato de o Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Básico) não ter sido aprovado no governo Lula.
Lula replicou afirmando que a educação em seu governo é “absolutamente prioritária” e citou uma lista de realizações de seu governo: criação de universidades federais, extensões universitárias e escolas técnicas. E fez a promessa de ampliar o alcance das extensões universitárias.
Os eleitores ainda tocaram na questão da Previdência Social e do saneamento básico. Alckmin criticou Lula por ter concedido um reajuste menor para os aposentados e ter “dado” R$ 9 bilhões para os “trabalhadores de uma estatal”.
“As pessoas nem sempre medem o que falam [num debate]”, devolveu Lula e criticou medidas tomadas contra a Previdência em 2001, que teriam feito saltar os gastos com auxílio-doença.
Os candidatos foram ainda mais incisivos nas críticas quando o debate passou para a questão do saneamento básico. Lula disse que o problema sempre foi tratado com “total descaso nesse país” e afirmou que as verbas no orçamento para o tema dobraram em seu governo.
O tema foi o mote para os dois travarem uma guerra de números, com Alckmin citando números diferentes para “provar” que os recursos para saneamento haviam caído para a metade.