Em 48 horas choveu em Campo Novo do Parecis (444 km de Cuiabá) mais do que o previsto para o mês todo. Foram 310 milímetros de chuva e 3 mil pessoas atingidas pelo alagamento. Para verificar a situação e buscar uma solução para o problema, o governador Pedro Taques esteve no município neste domingo, acompanhado de secretários e um engenheiro do corpo técnico do Estado.
Desde ontem, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar atuam junto com a Prefeitura em um plano emergencial para ajudar as famílias que não podem ficar em suas casas. "Nossas equipes estão mobilizadas para dar toda assistência à população. A Secretaria de Estado das Cidades (Secid) vai enviar engenheiros para que encontremos uma solução estrutural e não paliativa, caso contrário ano que vem teremos essa mesma situação", disse o governador.
O bairro Jardim das Palmeiras foi o mais prejudicado. Conforme informações da Defesa Civil, o local que recebe a água pluvial daquela região, chamado de "piscinão", não suportou e transbordou, atingindo casas, comércio e instituições. Em análise preliminar da Defesa Civil, isso se deve ao avanço da pavimentação urbana sem um sistema eficiente de drenagem da água.
“A instituição também está dando todo o suporte administrativo para que possa ser reconhecida a situação de emergência pelo Estado e o encaminhamento a Brasília, o que vai permitir a captação de recursos para ampliar essa obra que não suportou a chuva”, informou o secretário-adjunto de Proteção e Defesa Civil, Abadio José da Cunha Junior.
Uma equipe de engenheiros da Secid deve chegar a Campo Novo do Parecis no começo desta semana para fazer um estudo aprofundado da área e propor uma solução definitiva. "Claro que houve um excesso de chuva, mas é preciso preparar o bairro para impactos iguais a este ou superiores. Vamos analisar quais as contribuições de água que chegam ao bairro, se a drenagem feita é suficiente, se o chamado ‘piscinão’ tem escape. Vamos tratar o assunto com a responsabilidade que o caso requer", garantiu o secretário de Estado das Cidades, Wilson Santos.
Emergencialmente, a prefeitura e voluntários fizeram um canal e, com apoio de uma máquina, estão fazendo a drenagem do lodo acumulado. Com isso, a maior parte das pessoas alojadas na escola municipal Jardim das Palmeiras retornou para suas casas. “Mas o município segue em estado de alerta, pois a chuva não deve parar tão cedo”, lembrou o prefeito Rafael Machado.
Segundo o setor de monitoramento da Defesa Civil, as precipitações só devem reduzir a partir de quinta-feira (16). Até lá, todos os dias devem apresentar 95% de probabilidade de chuva.
Ontem, Rafael Machado confirmou, ao Só Notícias, que cerca de 3 mil moradores do bairro Jardim das Palmeiras foram desalojados com as fortes chuvas que caíram, nos últimos dois dias, no município. “O bairro é plano e esta topografia não ajudou. Apesar das chuvas serem comuns nesta época do ano, é a primeira vez que uma inundação como esta ocorre no município. A situação é grave”, afirmou.
Ele explicou que um terço do bairro, onde moram 15 mil pessoas, foi alagado (cerca de 750 casas). Os moradores foram levados para uma escola estadual. Uma escola municipal foi utilizada para guardar os pertences que as vítimas conseguiram retirar das residências. Também foi usado um ginásio para estocar as doações recebidas, como roupas e alimentos.
Segundo o prefeito, apesar dos prejuízos materiais, não houve registro de feridos. Não houve também alagamento em áreas comerciais ou propriedades agrícolas.
(fotos: ParecisNet e José Medeiros)