As notificações das famílias e comércios instalados no Posto da Mata para saírem da Terra Indígena de Marãiwatsédé foram suspensas e recomeçarão após a chegada de reforço de agentes da Polícia Federal ao Araguaia. Relatório da PF aponta que o clima de tensão é provocado por um grupo minoritário, que busca despertar revolta nos moradores. O documento esclarece ainda a situação que resultou no tombamento de um veículo da Força Nacional por manifestantes no dia 16.
"Durante todas as notificações foi observado que a população em quase sua totalidade é ordeira, educada e resignada com a situação. A maior apreensão é quanto o destino. Muitos já estão em processo físico e psicológico para a desocupação. Outros acreditam em alguma solução no final", descreve trecho do relatório.
Aponta ainda que não é mencionado, em momento algum, a possibilidade de derramamento de sangue ou necessidade de uso de violência durante a saída da área, prevista para o dia 6 de dezembro.
As notificações dos moradores são cercadas de "nítida provocação de um grupo de populares, sempre capitaneados pelas lideranças locais. Elementos como fogos de artifícios quando da chegada da Força Federal para a notificação, presença da imprensa, uso do carro de som, equipes de filmagem, provocação aos Policiais da Força Nacional, tinham como alvo provocar uma reação violenta, o que não ocorreu".
Conforme a PF, diante do cenário e da possível tentativa de uso da notificação para cunho político, a ação foi suspensa. Quanto à revolta da população e capotamento da caminhonete usada nas notificações, a PF confirma que inicialmente houve um bloqueio inicial nas principais vias de acesso ao distrito, como mencionado pelos moradores no dia da ocorrência, porém o tráfego estava liberado no momento que uma pessoa passou mal. A polícia afirma que um carro de som aproximou da caminhonete anunciando que a Força Federal deveria prestar socorro ao senhor, que estava desmaiado e foi retirado bruscamente do veículo. A PF afirma ainda que diversos carros próximos tentavam prestar o socorro e "eram impedidos pelos agitadores que seguiam o grupo notificador desde o supermercado".
Segundo o relatório, dentro da caminhonete havia armamento e material bélico, por isso os agentes impediram a colocada do senhor no veículo. "Diante da resistência da guarnição da FN, os agitadores passaram a bater e empurrar o veículo, vindo a tombá-lo de lado, por pouco não vitimando o motorista do veículo que tentava sair da cabine".