Com a nova lei que está valendo desde quarta-feira, quem soltar pipa utilizando cerol ou qualquer outro tipo de material cortante deve ser penalizado em 10 UPFs, o que corresponde a R$ 287. Caso o adolescente que já foi autuado cometer a mesma infração no período de dois anos, deverá pagar uma multa correspondente ao dobro, ou seja, R$ 574. No caso, se o infrator tiver idade inferior a 18 anos, o responsável legal do menor deverá responder pela ação.
A lei chega um pouco antes da época do ano, quando ventos estão mais fortes favorecendo a prática da diversão comum entre as crianças e adolescentes, mas, intencional ou não, a lei busca a prevenção antes que um mal maior aconteça e os acidentes de todos os anos se repitam com motociclistas ou ciclistas.
É bem antiga a prática de empinar as pipas, que também tem o nome de raia, arraia, papagaio, califa, pandorga, quadrado e outros. Feita de varas de bambu e papel de seda que, unidos a uma rabiola de papel ou de plástico, paira pelo céu, fixada no cabresto por uma linha resistente ou barbante. Foi inventada pelos chineses como instrumento de guerra inicialmente, servindo para alertar aos batalhões sobre a presença de exércitos inimigos na grande muralha.
Quando a pipa está com sua linha ao natural, ela apresenta perigos para as crianças que a estão soltando, pois exige que, ao brincar, a pessoa mantenha o olhar e a atenção voltados para o alto. É nesta situação em que, num segundo de distração, pode gerar um acidente. Por exemplo: uma queda de lugares altos; atravessar na frente dos carros e serem atropeladas; e ainda a queda de árvores, muros, casas, torres e outros lugares altos ao tentar pegar as pipas que caíram pelo rompimento de sua linha.
A prática de colocar cerol, que é uma mistura geralmente de cola com vidro em pó ou finos metais na linha, para que ela fique cortante e, com isso possa derrubar as demais pipas torna a brincadeira muito perigosa. Numa competição entre os empinadores de pipa, ganha quem derrubar mais e, segundo os usuários, essa prática deixa a brincadeira mais atraente e emocionante. O costume de aplicar cerol à linha pode transformá-la em uma arma mortal e a partir de agora é uma prática proibida porque oferece riscos, podendo causar até a morte, caso corte, por exemplo, o pescoço de um motoqueiro ou ciclista. Também há o risco do próprio usuário do brinquedo se cortar.
Os perigos do uso do cerol vão mais além, o vidro também é um condutor de energia e se o fio com cerol pegar na rede elétrica, a pessoa que está empinando a pipa pode morrer eletrocutada. Para brincar tranqüilo, sem o perigo de ferir alguém, só com barbante de algodão. Nem os fios de nylon (de pesca) são indicados, pois cortam tanto ou mais que a linha que contém o cerol.