Apesar de ter superado a média dos últimos cinco anos no número de focos de calor, a qualidade do ar nos 141 municípios mato-grossenses foi considerada ‘boa’ nesse período de janeiro a junho. Alguns poucos episódios negativos entre fevereiro e março foram registrados na região de Sinop e Sorriso, conforme monitoramento diário da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Mesmo com o prognóstico positivo até o momento, a situação pode mudar caso haja alterações climáticas previstas pela chegada do El Niño, provocando um fenômeno semelhante ao que deixou Cuiabá debaixo de fumaça em 2007.
O gerente do Laboratório e Ensaios da Sema, o químico e mestre em Recursos Hídricos Sérgio Figueiredo, explica que o Brasil pode experimentar até dezembro – segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) – efeitos moderados desse fenômeno que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico. “Com alteração climática e alta incidência de fumaça poderemos ter condições favoráveis para acontecer o mesmo episódio de 2007 e 2010, quando a fumaça do norte do Estado veio para Cuiabá, talvez não tão grave, porque naquela época os alertas do ar começaram em março”.
Sérgio Figueiredo explica que o episódio agudo de poluição atmosférica de 2007 se chama ‘smog’, fenômeno que se repetiu menos severamente em 2008 e 2010. No caso de Mato Grosso, foi proveniente das queimadas e incêndios florestais (e não da poluição industrial) advindas da região da Amazônia. O termo resulta da junção das palavras da língua inglesa ‘smoke’ (fumaça) e ‘fog’ (nevoeiro).
Normalmente, os poluentes resultantes das queimadas na região norte trazem malefícios apenas locais ou regionais, dependendo da questão climática do período. Ou como é um material muito fino e leve, sobe para a atmosfera atingindo grandes alturas, que é levado pelas correntes de ar para locais mais distantes e descarregado em fundos de vales, lugares inabitados ou mesmo segue para outros estados ou países vizinhos. “Já tivemos reclamações de Rondônia, que sofria os efeitos das queimadas de Mato Grosso”.
O gerente da Sema pontua que embora seja um hábito o uso da queimada para manejo de solo ou para outros fins, a sociedade de um modo geral precisa se conscientizar que é algo muito nocivo não só ao meio ambiente. A poluição do ar também causa impactos à economia, à saúde pública, ao turismo – quando acontece fenômenos como o smog – e ainda contribui para o aquecimento global.
Uma das estratégias de atuação da Sema desde 2008 é justamente o acompanhamento da situação com medições na capital e cidades do interior a partir do sistema de modelagem atmosférica disponibilizado pelo CPTEC/Inpe, que é repassado para as Superintendências de Educação Ambiental e Fiscalização, para atuarem com prevenção e combate às queimadas e incêndios florestais. Esses relatórios do laboratório estão disponíveis no portal da Sema, no item Qualidade do Ar.