A Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas) e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MT) assinam nos próximos dias um Termo de Cooperação para oficializar a parceria na divulgação do projeto “Invisíveis”, voltado à conscientização sobre as mais diversas formas de trabalho escravo contemporâneo.
O entendimento foi firmado entre o secretário da Setas, Valdiney de Arruda, e a presidente do Tribunal, desembargadora Beatriz Theodoro, durante reunião, hoje, na sede do TRT-MT, localizado na avenida Historiador Rubens de Mendonça, em Cuiabá.
O projeto “Invisíveis” já está na fase de desenvolvimento de roteiro e vai produzir conteúdo audiovisual cinematográfico para a esclarecer o conceito contemporâneo de trabalho escravo, que compreende modalidades de trabalho rural, urbano, doméstico e de exploração sexual, em que um empregado é submetido por um empregador a condições degradantes de trabalho, jornadas exaustivas ou qualquer tipo de cerceamento de liberdade. Dois artistas de renome já declararam apoio: o cantor Lenine e o ator Wagner Moura.
O titular da Setas disse que a perspectiva é que o Tribunal, além de divulgar as peças, também de forma institucional em nível nacional para chamar a atenção de outros órgãos, poderes e mesmo de entidades para a existência do projeto, angariando novos parceiros para o seu desenvolvimento.
O secretário acrescentou que o projeto consiste na produção de vídeos em linguagem de cinema para despertar a atenção da sociedade para essa realidade. Só no Brasil, a escravidão contemporânea atinge 15 mil trabalhadores. Mato Grosso é o terceiro estado do país em número de casos. Nos últimos 10 anos, mais de cinco mil pessoas foram retiradas dessas condições.
Segundo a presidente Beatriz Theodoro, o projeto é fundamental por focar no diálogo com a sociedade, na conscientização sobre o que é o trabalho escravo contemporâneo e como ele está muitas vezes instituído nas relações sociais. “E essa cultura se muda com informação”, disse. “Nós precisamos de educação. A porta de entrada para a cidadania é a educação”.
Uma pesquisa da Ipsos Brasil identificou que a maioria dos brasileiros não sabe responder com clareza o que caracteriza uma situação de escravidão. A escravidão contemporânea no Brasil assemelha-se à servidão e tem sua face rural e urbana.