A relatora especial da ONU sobre trabalho escravo, a armênia Gulnara Shahinian, afirmou que a aplicação da lei brasileira para estes casos é, muitas vezes, fraca. Ela ressaltou que apenas seis estados no país possuem programas de erradicação do trabalho escravo e elogiou Mato Grosso. Ela disse que esteve no Estado para conhecer o programa estadual contra este tipo de situação e o classificou como excelente. No entanto, afirmou que apesar disso é necessário reforço na atuação do Poder Executivo.
Gulnara aponta o reforço no acesso à educação como uma das saídas para sair deste processo, além do fortalecimento na reabilitação das pessoas libertadas, destacou em entrevista a Folha de São Paulo. Apesar dos vários casos registrados no país, a relatora da ONU acredita que o Brasil é um exemplo de boas práticas contra a escravidão. “Há programas interessantes, mas, como em vários lugares, há lacunas a serem preenchidas”. Um destes problemas seria a punição “frouxa”, na qual poucos casos se transformam em ações criminais.
O principal programa executado no Estado para pessoas vítimas de escravidão é a reinserção social. O projeto se chama Ação Integrada pela Qualificação e Inserção Social dos Egressos de Trabalho Escravo, que proporciona a inclusão social de pessoas que eram submetidas a condições análogas à escravidão. Foi deste programa, que 25 pessoas submetidas a este regime de trabalho ganharam uma chance de trabalhar legalmente na construção da nova Arena Pantanal, em Cuiabá. Além do emprego com carteira assinada, eles recebem alimentação, alojamento, curso de alfabetização e qualificação profissional.
Dados do Ministério do Trabalho e Emprego apontam que 124 funcionários de propriedades rurais e urbanas de Mato Grosso e que atuavam em condições características a de trabalho escravo, ano passado, foram resgatados em mais de dez municípios. Os “empregadores” foram autuados e fazem parte, agora, de uma relação nada agradável: a de uso da exploração do trabalho escravo e conhecida como “lista suja”.