Mais de 100 homens participam das buscas às vítimas do boeing que caiu no Nortão, no último dia 29, matando 154 pessoas. Este é o maior acidente da aviação civil brasileira. 18 bombeiros ( 9 de Sinop, 5 de Alta Floresta e 4 de Cuiabá) estão auxiliando os peritos e legistas do IML – Instituto Médico Legal-. Depois de 10 dias de buscas na floresta onde o avião caiu (220 km de Peixoto de Azevedo), a tristeza é visível em todos os profissionais que trabalham na operação.
O major Átila Wanderley da Silva, que continua na Fazenda Jarinã ( base das operações) concedeu entrevista, no final de semana, ao Só Notícias.
Só Notícias: Qual exatamente o trabalho que os bombeiros estão desenvolvendo na operação?
Atila: “Os bombeiros tinham, no início, a responsabilidade de atender na operação como suporte para as atividades do Estado. Mas, agora, atuamos na remoção dos corpos que estão vindo da floresta. Nós os recebemos e trabalhamos junto com os peritos de Brasília e de Cuiabá na pré-identificação”.
Só Notícias: Como está o estado emocional do bombeiros diante de uma tragédia como esta ?
Átila: “No momento em que estamos nos empenhando não dá para pensar naquilo. Trabalhamos com o sentimento do profissionalismo. Todos os que estão no local têm que dar uma resposta às famílias, então isso é o que a gente tem buscado. Mas, mesmo assim, toda vez que imaginamos que tantas pessoas faleceram de uma forma tão trágica como esta não há dúvida que isto realmente com nosso interior. É uma lembrança que vem na cabeça de quem está trabalhando”.
Só Notícias: De todos os corpos que são resgatados, algum fato chamou a atenção da equipe?
Átila: “Cada corpo que é retirado da floresta traz uma lembrança para nós, sem dúvida. São situações que nos fazem lembrar daquele momento do acidente. Apesar dos bombeiros trabalharem apenas na recepção dos corpos, não há dúvida que a maneira em que eles estão chama a atenção da equipe”.
Infelizmente, estamos participando da maior catástrofe já ocorrida na aviação aérea. O sentimento de nós temos que aproveitar a vida enquanto estamos vivo e este sentimento é o que paira em cada um que está lá”.
Só Notícias: Quanto ao resgate, como o senhor avalia a atuação de todas as equipes que continuam trabalhando ?
Átila: “Acho que as buscas estão cumprindo um cronograma rápido. Em uma semana já foram encontradas dezenas de corpos. Não existe demora e os corpos estão sendo liberados até muito mais rápido do que imaginávamos. Agora o que é preciso ter é um pouco de paciência porque assim que os corpos são retirados da mata são levados à fazenda e, em seguida, para Brasília”
Só Notícias: Comandante, qual mensagem que o senhor deixa para os familiares?
Átila: “Gostaríamos de pedir, em nome de todos aqueles que estão no local, que os familiares ficassem tranquilos, no sentido de acreditarem que as equipes que ali estão atuando estão com a necessidade de dar a melhor resposta possível para os familiares. As equipes estão com um único desejo: o que a gente puder fazer para levar estes corpos para suas famílias nós vamos fazer”.