Os pilotos do jato Legacy, Joseph Lepore e Jan Paladino, teriam tido dificuldades para compreender o que os controladores de tráfego aéreo brasileiro diziam durante o vôo, quando acabaram colidindo com o boeing da Gol, deixando 154 mortos, em setembro do ano passado, na região Norte de Mato Grosso. Os dois já foram indiciados pela Polícia Federal, com justificativa de falta de cuidados necessários e exigíveis durante um vôo.
Trechos da transcrição dos diálogos gravados na caixa-preta do jato foram divulgados pela Folha, hoje. O problema pode ter sido devido ao idioma. Em um dos trechos destacados na reportagem, os pilotos reclamam de, às vezes, receber uma “resposta simples”. Confira parte do diálogo (os pilotos, na transcrição, são identificados como Hot 1 e Hot 2):
“Hot 1 – Eu quero dizer que algumas vezes eles nos dão uma resposta simples como… nós estávamos tentando pegar uma altitude antes de partirmos e houve isso. (…) Isso fica difícil alguma vezes…
Hot 2 – Ah, eles apenas ficam dizendo, voe partida Oren.
Hot 1 – Sim.”
Também houve dificuldade de comunicação para esclarecer que altitude deveriam estar. Quando colidiram com o boeing, eles estavam a 37 mil pés de altitude mas, conforme o plano de vôo, deveriam estar a 36 mil pés.
Outro diálogo revelado pela Folha mostra que os pilotos queriam realizam manobras com o Legacy, mas desistiram porque os executivos da empresa de táxi aéreo para a qual os dois trabalham – e que é proprietária do jato – estavam a bordo.
“Hot 1 – Estou com medo de brincar com essa coisa (…)
Hot 2 – Nós faremos isso quando formos para Lauderdale
[…]
Hot 2 – Nós temos que passar por esse vôo para criarmos confiança. Então, nós não podemos nada. As primeiras impressões deveriam ser tudo.
Hot 1 – Geralmente são.”
O prazo para conclusão do inquérito que apura as causas do acidente encerrou na sexta-feira, mas a PF deve pedir prorrogação. O delegado Renato Sayão já sinalizou que também deve indiciar três controladores, da torre de Brasília, por ter colaborado com a queda.