A quebra da safra do milho em Mato Grosso em 2016 impactou diretamente no tráfego da BR-163. Levantamento da Rota do Oeste aponta que o fluxo de veículos no último trimestre do ano caiu cerca de 20%, se comparado com o mesmo período de 2015. Os números mostram ainda uma redução gradual ao longo dos meses, chegando a uma queda de até 15% entre um mês e outro.
O gestor de relacionamentos da concessionária, Fábio Abritta, lembra que a BR-163 é a principal via de escoamento da safra de Mato Grosso e relaciona a redução do fluxo de veículos diretamente com a quebra da safra, principalmente a do milho. Destaca também que com a redução da produção agrícola, cerca de 225 mil viagens vinculadas ao transporte de cargas deixaram de ser realizadas em 2016.
Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, o ano foi atípico e inesperado para o agronegócio. Ao todo, a produção foi de menos 8 milhões de toneladas de milho, soja e algodão. “Estimamos que R$ 3,5 bilhões deixaram de circular em Mato Grosso neste ano. Com isso, a quebra de safra das três culturas impactou economicamente toda a cadeia. Esse valor poderia e deveria estar nas mãos de quem trabalha e vive aqui”.
Entre os exemplos citados por Prado afetados pela quebra da safra estão a redução na contratação de frete para escoamento da safra, contratação de trabalhadores, queda no consumo de combustível e na aquisição de peças para reposição de máquinas.
Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Rondonópolis e Região (SETCARR), Loureste José Pedrini relata que está em Mato Grosso há 30 anos e nunca havia presenciado um momento tão difícil para o setor de transporte no Estado. “É a primeira vez que vemos transportadores entregando caminhões para o banco, encostando frota ou pedindo recuperação judicial. Muitos tiveram que demitir funcionários”.
A diminuição no número de veículos de carga circulando pela BR-163 também é atestada pelos dados operacionais da Concessionária, que ao iniciar o funcionamento das nove praças de pedágio contava com 70% do movimento na rodovia promovido por carretas e caminhões. Atualmente, os dados acumulados no decorrer do ano demonstram que a média diária deste tipo de veículo é de 63%. Em novembro, o percentual caiu para 56%.