Até o final da semana, o conselho político da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição deve fazer uma reunião de emergência para discutir uma reação à denúncia de que o PT estaria envolvido na compra de um dossiê contra tucanos. O objetivo é reduzir o impacto das denúncias na campanha à reeleição de Lula. A data do encontro vem sendo mantida em sigilo para que a conversa seja reservada.
Integrantes da coordenação política da campanha e do próprio PT cobram do partido uma reação mais enfática ao episódio sob o risco de o escândalo atingir a campanha do presidente à reeleição.
O coordenador da campanha do presidente na região Norte, o governador do Acre, Jorge Viana, disse que o PT não pode ser ingênuo a ponto de abrigar pessoas que podem se envolver em irregularidades. “O PT tem que tomar uma atitude radical, imediatamente, assim que tivermos qualquer definição [das investigações]. O partido é formado por seres humanos, mas tem que cair na real de que com 800 mil filiados é preciso estar vigilante para que pessoas que se envolvem nisso estejam bem longe do partido”, afirmou.
O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, disse que apenas uma resposta firme da campanha e do PT pode evitar que a denúncia resvale na campanha do presidente. “Se tivermos uma resposta firme à altura do ataque que está sendo feito, acho que não abala a campanha. Mas o PT tem que ser mais contundente, mais firme”, disse.
Em conversas reservadas, integrantes da campanha apontam o episódio do dossiê como fruto do interesse provinciano. A avaliação é que se alguém tentou comprar o material não foi para ajudar a campanha de Lula, que está bem nas pesquisas, mas a de Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo. Segundo um integrante da coordenação da campanha, colocaram em risco uma campanha vitoriosa em função de uma campanha derrotada.
As investigações da Polícia Federal apontaram para o envolvimento de dois funcionários do comitê nacional da campanha do presidente Lula à reeleição no episódio da compra do dossiê, que teria como objetivo relacionar os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin à máfia das sanguessugas. São eles: Jorge Lorenzetti e Gedimar Pereira Passos. Este último está preso, pois foi encontrado com R$ 1,7 milhão, dinheiro que seria usado na compra do dossiê. Lorenzetti sumiu depois que a denúncia foi noticiada.
Em entrevista ontem, o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, disse que ainda não tinha conseguido localizar Lorenzetti, subordinado a ele, para buscar explicações e afirmou que só teve conhecimento no sábado de que Gedimar trabalhava na campanha.