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Programa estabiliza queimadas na Amazônia e previne doenças

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A estabilização de índices de queimadas, com redução em alguns casos, é um dos avanços obtidos com o Programa de Prevenção e Controle dos Incêndios na Floresta Amazônica (Programa Fogo), da Cooperação Itália-Brasil. Tal desempenho só é possível com a participação da sociedade civil. As avaliações foram apresentadas nesta terça-feira (23.05), no 8º Congresso e Exposição Internacional sobre Floresta (Forest2006), na mesa redonda “Queimadas e Incêndios nas Florestas Tropicais: Formas de Prevenção e Controle”.

Além da preocupação com o freio ao desmatamento, os palestrantes enumeraram como grande impacto os efeitos sobre a saúde humana, como a ocorrência maior de doenças entre crianças e idosos, em função da fumaça e material particulado na atmosfera.

De acordo com a diretora-presidente do Instituto Floresta de Pesquisa e Desenvolvimento Sustentável e coordenadora do Programa Fogo, Marília Carnhelutti, a mobilização social para o problema é a base do trabalho desenvolvido. “O envolvimento de pessoas e todos os municípios na discussão é fundamental para essa mobilização. Municípios onde trabalhamos conseguimos estabilizar índice de foco de calor”, diz. “Em outros, chegamos até a reduzir em mais de 50%. Conseguimos isso com o diálogo”, afirma.

O programa está em andamento há sete anos no Extremo Norte de Mato Grosso e abrange 16 municípios com capacitação de pessoas, sendo 12 dos quais com acompanhamento direto de prevenção a queimadas. O programa tem escritório em Juína e Alta Floresta, mas é desenvolvido em cidades como Juruena, Castanheira, Cotriguaçu, Paranaíta, Carlinda, Guarantã do Norte, Novo Mundo, Peixoto de Azevedo, Matupá e Terra Nova do Norte.

Poluentes e saúde humana

A diretora do Instituto Floresta afirmou que material particulado, como dióxido de enxofre (SO2), tem ocasionado a concentração de maior número de doenças, como diarréia e verminose, no período mais crítico de queimadas, como julho e agosto. Como o caso relatado do município de Matupá por pesquisadores.

“Os raios solares, quando não ultrapassam a fumaça, atingem a atmosfera, e não eliminam algumas bactérias. Esse acúmulo de bactérias causa doenças”, disse sobre relato de pesquisas do professor Carlos Peres, da Universidade da Inglaterra.

Segundo o professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), engenheiro sanitarista Paulo Modesto Filho, os níveis de poluentes identificados na fumaça das queimadas tornam a qualidade do ar comparável aos grandes centros industriais. “Na época das queimadas, várias regiões de Mato Grosso têm níveis de poluição do ar não respeitam padrões do Conselho Nacional do Meio Ambiente e chegam a ultrapassar o padrão de São Paulo nos casos de emergência”, relata. Em alguns casos de medição de poluentes, a concentração aumenta em dez vezes mais, conforme série de acompanhamento da qualidade da atmosfera.

De acordo com seus estudos, os alvéolos pulmonares (bolsas do pulmão) em contínua exposição a essa fumaça sofrem processo de ulceração. “Na poluição por material particulado é impressionante como há aumento de internação hospitalar”, afirma.

Entre os efeitos da fumaça das queimadas ele lista, além de enfermidades pulmonares, ocorrência de asma, bronquite, irritação na garganta, desconforto em respirar, alguns deles como doenças no longo prazo.

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