A procuradora Léa Batista, uma das responsáveis por denunciar o empresário Carlinhos Cachoeira e outros envolvidos na Operação Monte Carlo, voltou a ser ameaçada por sua atuação no caso. A procuradora, que atua no Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), recebeu um e-mail no último sábado (23) com palavras de baixo calão e ameaças à ela e sua família.
Léa já havia sofrido ameaça no último dia 13 de junho, mas a mensagem era mais amena, em um tom ressentido. Assinada por alguém que se denominou "Injustiçado", a mensagem dizia que a procuradora estava sendo muito dura no caso e que familiares de Cachoeira continuavam ganhando dinheiro com a exploração ilegal de jogos.
Na mensagem deste sábado, o tom de intimidação e ameaça fica claro já no título do e-mail: "Cuidado". O remetente, que assina como Silvio Caetano Rosa, resume a ameaça em apenas uma frase: "Sua vadia ainda vamos te pegar, cuidado, você e sua família correm perigo".
As ameaças à procuradora estão preocupando o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho. Ele encaminhou ofício nesta segunda-feira (25) ao corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Jeferson Coelho, pedindo providências sobre o caso para "garantir à colega a segurança imprescindível à boa consecução [execução] de suas atribuições". A expectativa é de que o CNMP analise o caso na sessão desta terça-feira (26).
Léa e Daniel Resende são os representantes do Ministério Público na Operação Monte Carlo, em Goiás, enquanto o procurador Carlos Alberto Vilhena gerencia os desdobramentos do caso no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. A ANPR informa que não tem notícia de que os outros procuradores do caso tenham sofrido ameaças, nem que algum deles vá deixar o caso.
Na última semana, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que "o Ministério Público não pode correr o risco de ser surpreendido em razão de alguma ameaça".
No último dia 13 de junho, o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, responsável pela ação penal derivada da Operação Monte Carlo, pediu afastamento do processo alegando ter sido ameaçado por pessoas ligadas ao grupo de Cachoeira. O juiz Alderico Rocha Santos assumiu o processo contra Carlinhos Cachoeira e outros réus da Operação Monte Carlo.