As rodovias federais de Mato Grosso devem passar por um verdadeiro processo de revitalização. Uma série de melhorias está programada para ser realizada nas diferentes regiões do Estado e atingindo uma extensão superior a dois mil quilômetros quadrados. É o que está programado na segunda etapa do programa Crema (Contrato de Restauração e Manutenção). Com isso, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) espera tornar a trafegabilidade segura por um período maior, já que as obras envolvem ações mais profundas e não apenas superficiais, como os conhecidos “tapa-buracos”.
Da malha mato-grossense, o programa prevê obras nas BRs 070, 158, 174, 163 e 364. O cronograma com eventuais datas ou mesmo a contratação de empresas responsáveis pelos serviços ainda precisam ser acertados, já que até o momento, a autarquia realizou audiência pública para a contratação das obras de recuperação e conservação das rodovias. Ou seja, encontro pelo qual foram apresentados o projeto, valores e trechos a serem alcançados.
Os investimentos devem alcançar R$ 1,5 bilhão para um trecho de 2,4 mil quilômetros quadrados. Segundo o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes, as empresas vencedoras dos certames a serem realizados ficam responsáveis pelo cumprimento das metas contratadas. Os serviços cuja qualidade não atingir a necessária serão refeitos sem custos adicionais.
As obras beneficiarão, direta e indiretamente, uma série de setores (transporte de madeira, carne, combustíveis, por exemplo) e usuários, além de estimular o desenvolvimento econômico das regiões. Entre os assistidos está o segmento de transportes. É pelas estradas que Mato Grosso destina volume expressivo de matéria-prima e diferentes produtos para os cantos mais distantes do país.
No Estado, onde a agricultura figura entre as principais bases econômicas, a garantia de novos valores para as obras nas rodovias federais de Leste a Oeste, Norte a Sul, pode ser encarada como fator positivo. É o caso da região Norte, que tem na BR-163 um dos principais canais de escoamento do que se produz no campo.
São frequentes os pedidos, em especial dos membros do setor produtivo, pela melhoria nas estradas bem como políticas de investimento em infraestrutura, em especial na BR-163. No campo, os reportes mostram a importância do Estado no agronegócio. Neste ano, espera-se que a produção agrícola supere 30 milhões de toneladas, segundo o quinto levantamento de safra apresentado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Demanda
No Centro-Oeste brasileiro, onde estão os Estados de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal, seriam necessários R$ 22,93 bilhões para reestruturar o sistema rodoviário. No entanto, os investimentos do PAC 1 para esta região somam pouco mais de R$ 2,28 bilhões para cobrir os 9,55 mil quilômetros de malha federal. O Brasil possui mais de 61 mil quilômetros só em vias federais pavimentadas.
No tocante às estradas estaduais, a demanda reprimida no Centro-Oeste ultrapassa os R$ 6 bilhões. Entre as cinco regiões, outros R$ 14 bilhões, conforme apontou um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas. É por meio das rodovias que se dão os pequenos deslocamentos de carga, essenciais para que o produto siga das mãos do produtor para as do consumidor. Mesmo grandes cargas precisam, em geral, percorrer alguma porção de rodovias para alcançarem seus destinos finais.
Para o Ipea, apesar de sua extensa malha e da capilaridade de suas conexões rodoviárias, o Brasil não possui uma tradição de manutenção e conservação de suas estradas que são construídas muitas vezes com a utilização de materiais menos duráveis e reparadas de modo inadequado.
A situação de conservação da malha rodoviária federal no Centro-Oeste foi considerada como “ruim” para 53,3% das estradas da região.