A Gerência de Combate ao Crime Organizado da Polícia Judiciária Civil prendeu 121 criminosos a partir de trabalhos investigativos de crimes de média e alta complexidade que ocorreram no primeiro semestre deste ano. Os casos tiveram repercussão em Mato Grosso, como a sequência de ataques a agentes penitenciários praticados entre os dias 22 a 24 de março, que culminou na operação Segregare, desencadeada hoje.
Os números de prisões de 2018 já ultrapassaram todo o ano de 2017, quando 89 criminosos foram presos e dobraram em relação ao ano de 2016, que terminou com 56 prisões efetuadas pelas equipes de delegados, escrivães e investigadores da unidade especializada.
As operações desenvolvidas nos primeiros seis meses deste ano e começo de julho resultaram na desarticulação de organizações criminosas de roubos a bancos, ataques a órgãos e agentes públicos, defensivos agrícolas, furtos com arrombamentos de agências bancárias, tráfico de drogas e extorsão mediante sequestro.
Em coletiva de imprensa, na sede da Polícia Civil, o secretário de Segurança Pública, Gustavo Garcia, falou da atuação desenvolvida pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
“Aqui no Estado de Mato Grosso investimos contra as organizações criminosas. Temos um enfrentamento firme, especializado e muito técnico. E isso logicamente incomoda porque temos hoje uma força integrada, uma atuação permanente com o Sistema Penitenciário da Sejudh, Polícia Militar, Polícia Civil e Politec. Todos esses órgãos estão atuando em conjunto e prendendo pessoas que tentam burlar as leis”, afirmou, por meio da assessoria.
As investigações são resultantes do emprego de inteligência, monitoramento e troca de informações permanentes entre as polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal, Sistema Penitenciário da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), núcleos de inteligências das delegacias do interior, Diretoria de Inteligência da PJC, Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e demais agências de inteligência, seja em território estadual ou nacional.
“Focamos no trabalho de inteligência, com o fortalecimento do nosso núcleo de inteligência e buscamos fazer ações constantes visando desarticulação de organizações criminosas. O trabalho integrado com outras instituições também foi fundamental para o sucesso das investigações”, observou o delegado titular do GCCO, Diogo Santana Souza.
Um dos trabalhos qualificados que tive intensa atuação se refere às investigações contra organizações criminosas, cujas lideranças presas em unidades penitenciárias estaduais arregimentam criminosos de fora das grades para a prática de crimes diversos, provocando também temor e pânico na sociedade, como os chamados "Salves" compartilhados via redes sociais. A maior parte dos envolvidos foi identificada e presa.
Na repressão às facções criminosas a Polícia Civil destacou a operação 10º Mandamento, iniciada pela Regional de Barra do Garças, que teve a parceria do GCCO, culminando na prisão 37 criminosos no dia 14 de março. A operação cumpriu 51 ordens judiciais (38 mandados de prisão e 13 buscas) em cidades de Mato Grosso, Goiás e Paraná.
As Operações Panóptico 2, 3 e 4, para coleta de informações de integrantes de organizações criminosas, nas três edições realizadas neste ano, sete pessoas foram presas em flagrantes e apreendido vasto material, como celulares e documentos, que estão ajudando a materializar inquéritos policiais.
Na lista estão ainda a operação Regressus, que investigou o esquema de fraudes em processos de progressão de regime de presos; operação Camaleão de combate a furtos a agências bancárias mediante arrombamento de paredes e cofres; e a Segregare, desencadeada hoje, em resposta aos ataques praticados contra três casas de agentes penitenciários e à sede do sindicato da categoria-, além de várias outras ações pontuais como incursões e monitoramentos que resultaram em prisões em Cuiabá, Rondonópolis, Sorriso, Rosário Oeste, Arenápolis, Poxoréu, Nobres, Porto Velho (RO), Campuã (MS), Belo Horizonte (MS) e Sonora (MS), desenvolvidas com apoio das Polícias Civil e Militar da localidade.
Todo o esforço policial resultou também na recuperação de mais de 8 mil litros de defensivos agrícolas, R$ 28,4 mil, pistola calibre 40, revólver 38, fuzil, mais de 100 munições (12 do calibre 38, 62 calibre 9mm, 30 calibre 40), dois coletes balísticos, 3 veículos, drogas, celulares e outros.
As investigações da operação Segregare iniciaram em março deste ano, após tiros efetuados na noite do dia 22 de março na casa de um agente penitenciário, no bairro Nova Conquista, em Cuiabá. No dia seguinte, disparos foram feitos contra a sede do Sindicato dos Agentes Penitenciários. Novos disparos em duas casas de agentes ocorreram na madrugada do dia 24 de março, no bairro Sucuri, na capital, e no bairro Vila Arthur, em Várzea Grande.
A operação cumpriu mandados de prisão contra nove suspeitos, mandantes e executores, envolvidos nas ações criminosas. Foram 7 mandados de prisão preventiva, 2 mandados de prisão temporária e 4 mandados de busca e apreensão, no trabalho coordenado pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), com apoio investigativo do Núcleo de Inteligência da Diretoria Metropolitana e Inteligência do Sistema Penitenciário da Sejudh, e apoio operacional da Polícia Federal, Diretoria de Inteligência, Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), das Delegacias da Polícia Civil de Lucas do Verde, Guarantã do Norte, Sorriso, Tangará da Serra, Água Boa, Gerência de Operações Especiais (GOE) e Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPaer).
Imagens de explosivos, armas e mensagens encontradas em um celular apreendido com os presos, durante revistas realizadas pelo Sistema Penitenciário nas celas, indicam que eles também planejaram e executaram a ação criminosa contra a Sesp, em que parte do muro da secretaria foi explodido no dia 18 de abril.
O delegado Diogo Santana destacou que a intenção dos criminosos era matar agentes prisionais. “Pela análise das conversas feitas por aplicativos de celular, observamos que antes dos atentados eles se reuniam para combinar os detalhes, dizendo realmente que o objetivo era ceifar a vida dos agentes penitenciários. Após os ataques eles novamente se reuniam para cobrar os resultados pretendidos. Os mandantes cobravam aos executores a respeito dos resultados (porque não mataram)”, revelou.
Os alvos da operação são cinco mandantes apontados como lideranças de alto escalão de uma facção criminosa. Foram eles que ordenaram os ataques praticados por membros de menor escalão, que estão do lado de fora da cadeia. Quatro dos líderes estão presos em estabelecimentos prisionais do Estado. O quinto, Paulo César da Silva (Petróleo), é um dos principais chefes da facção que foi solto recentemente. Ele foi preso na cidade de Sorriso, na sexta-feira, e transferido no sábado para Cuiabá.
Segundo a investigação, os criminosos criaram um grupo no aplicativo de mensagens denominado “Vamos para cima”, para planejar os ataques entre as pessoas ligadas direta e indiretamente a ação criminosa. “O grupo era para discutir os detalhes de como seriam realizados os ataques. Nesse grupo era eleito o executor, quem seria o indivíduo que iria ao local executar o crime, qual arma e veículos utilizados, qual residência seria atacada. Eles faziam levantamento prévio da residência com fotografia da casa e do agente”, explicou.