A Polícia Federal de Mato Grosso pretende ouvir os controladores de vôo, “principalmente de Brasília”, que estavam trabalhando no horário em que ocorreu o acidente entre um Boeing da Gol e um jato Legacy 600.
A instituição abriu inquérito na quarta-feira, por requisição do Ministério Público Federal, para identificar e descobrir a responsabilidade criminal pelo acidente.
O vôo 1907 da Gol, que fazia a rota Manaus-Rio de Janeiro, com escala em Brasília, caiu na última sexta-feira no norte do Mato Grosso, matando os 149 passageiros e os seis tripulantes. O acidente, o pior da história da aviação brasileira, envolveu um jato executivo Legacy, fabricado pela Embraer, que pousou em segurança numa base aérea no sul do Pará, após uma possível colisão com o avião da Gol
O delegado responsável pela investigação da PF, Renato Sayão, defendeu a permanência dos pilotos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, no Brasil até a finalização das investigações.
Eles tiveram o passaporte apreendido a pedido da Justiça de Mato Grosso. O delegado não descarta novo depoimento dos pilotos e até acareação dos tripulantes com outras testemunhas, se houver conflito de informações no processo.
O delegado disse que a retenção do passaporte é por tempo indeterminado e que uma suposta prisão dos pilotos somente pode ocorrer com indícios de autoria e materialidade, o que não existe no momento.
“A dúvida principal é se estava havendo comunicação entre o centro de controle e as aeronaves, se houve falha mecânica”, disse o delegado a jornalistas. Neste último caso, segundo ele, o inquérito é encerrado, pois o passo seguinte é a indenização.
Sayão contou ainda que um mandado de apreensão de documentos pode ser feito automaticamente em caso de transferência da investigação para a esfera federal.
“Se houver indício de que o piloto errou, que o controlador ”cochilou”, é crime”, afirmou.
O novo inquérito aberto é autônomo e corre paralelo à outra investigação desencadeada pela Polícia Civil de Mato Grosso. As investigações podem ser unificadas se a Justiça definir quem tem a competência para investigar.
Sayão defende que a Polícia Federal é a responsável, pois a constituição assim determina para investigações de supostos crimes cometidos a bordo de aeronave.
O trabalho de Sayão vai ser concentrado em Brasília, onde há suporte auxiliar de órgãos que podem auxiliar na investigação, como o Instituto Nacional de Criminalística (INC), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), instituições da Aeronáutica e o Centro de Aviação Operacional da Polícia Federal. Ele viaja na sexta-feira para a capital federal.