Três novas espécies de plantas foram descobertas em Mato Grosso nesse primeiro semestre por pesquisadores da UFMT. O trabalho é resultado do projeto “Flora de Angiospermas da Estação Ecológica da Serra das Araras, Mato Grosso, Brasil” e rendeu a publicação de três artigos científicos em revistas internacionais. Todas foram encontradas na Estação Ecológica da Serra das Araras (ESEC Serra das Araras), localizada entre Porto Estrela e Cáceres.
Segundo a coordenadora do projeto, professora Ana Kelly Koch Araújo Silva, os artigos trazem as descrições completas das espécies ressaltando as características mais marcantes de cada uma delas. “As três espécies novas descritas pertencem a famílias botânicas diferentes, sendo uma delas da família Asteraceae (mesma do Girassol e das margaridas), a outra é da família Malvaceae (mesma do quiabo, algodão, hibisco e paineira), e a última da família Apocynaceae (mesma da rosa do deserto, das perobas e da mangaba)”, explica.
“A publicação de espécies novas contribui diretamente com o conhecimento da biodiversidade, bem como, servem como material consistente para tomadas de ações de conservação na Unidade de Conservação, já que os artigos trazem também a categorização das espécies novas de acordo com seu grau de ameaça. Além disso, contribui para o conhecimento da flora de Mato Grosso”, acrescentou a docente, para assessoria da UFMT.
Em “Orinoquia brasiliensis (Apocynaceae, Asclepiadoideae), a new endemic species and the first record of the genus in Brazil”, escrito por Thales Silva Coutinho, Ana Kelly Koch, do Instituto de Biociências (IB) da UFMT, e Leonardo Osvaldo Alvarado-Cárdenas, da Universidad Nacional Autónoma de México, foi publicada na revista “Phytotaxa”. É segunda espécie a ser descrita para Orinoquia e configura a primeira ocorrência desse gênero para o Brasil. É morfologicamente similar a Orinoquia yanomamica, conhecida apenas na Venezuela. Além disso, o texto traz a espécie como endêmica do Cerrado e conhecida apenas por uma população.
Já em “A new species of Pavonia (Malvaceae, Malvoideae) from Mato Grosso, Brazil”, publicado na mesma revista por Marcos Vinicius Rondon-Anjos discente de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da UFMT, Thales Silva Coutinho e Ana Kelly Koch do Instituto de Biociências (IB) da UFMT, apresenta a Pavonia neuropetala, planta com flores róseas que cresce em áreas de altitude com afloramentos rochosos, com características próximas às dos Hibiscus. Foi categorizada pelos autores como criticamente em perigo.
Por fim, ”A new species and a distribution update of Calea (Asteraceae, Neurolaeneae) from Mato Grosso state, Brazil”, escrito por Ivana Moraes Melquíades, discente de mestrado do PPGBV, Ana Kelly Koch, Vinícius Resende Bueno, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Aristônio Magalhães Teles, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e publicado na revista Nordic Journal of Botany, apresenta a Calea grandibracteata, caracterizada por apresentar um par de brácteas foliáceas grandes e maior em comparação com outras espécies de Calea. Os autores a categorizaram como criticamente em perigo. Além disso, o artigo traz também o primeiro registro de ocorrência de Calea polycephala para Mato Grosso.
Os trabalhos contaram com a colaboração de docentes do IB, do Departamento de Botânica e Ecologia, mestrandos do PPGBV, bem como outros pesquisadores do Brasil e um do exterior. Vale ressaltar também que o ICMBio forneceu todo o apoio logístico para os estudos da ESEC da Serra das Araras.
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