Uma pesquisa desenvolvida no Câmpus do Araguaia na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Barra do Garças, propõe uma solução inovadora e sustentável para o conforto térmico urbano, aliando o reaproveitamento de resíduos gerados em caldeiras e de isopor (poliestireno expandido) com a valorização de recursos naturais brasileiros, como a cera de carnaúba, extraída da carnaubeira (Copernicia prunifera), espécie típica do bioma Caatinga.
O estudo parte de um dado relevante: a cada 1 °C de redução na temperatura de aparelhos de ar-condicionado, o consumo de energia elétrica aumenta cerca de 7%. Esse aumento impacta diretamente nas emissões de gases de efeito estufa e, consequentemente, nas mudanças climáticas globais. Diante desse cenário, a pesquisa desenvolvida na UFMT busca criar alternativas sustentáveis de conforto térmico capazes de reduzir o uso de equipamentos de refrigeração e o consumo energético.
O projeto estabelece uma correlação entre o uso sustentável dos recursos do bioma Caatinga e a reutilização de resíduos industriais, resultando no desenvolvimento de novos materiais ecológicos. O destaque da pesquisa é o conceito técnico-científico denominado “parede líquida”, um composto formado por cera de carnaúba e carvão residual de eucalipto, capaz de absorver calor e convertê-lo em calor latente, impedindo sua transferência para o interior das edificações.
O material atua como um isolante térmico natural, promovendo conforto térmico e economia de energia. A eficiência da parede líquida foi comprovada por meio de testes laboratoriais e análises que verificaram a interação entre a cera de carnaúba e o carvão residual diante da variação de temperatura.
Coordenado pelo professor Márcio Andrade, do curso de Engenharia de Alimentos da UFMT, o projeto é realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso e conta com a colaboração do professor Sílvio Silvério da Silva, da Universidade de São Paulo (USP).
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