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Perito diz em Sinop que pilotos eram inexperientes e não isenta controladores

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Por mais de três horas e meia, o perito em acidentes aéreos, Roberto Peterka, depôs hoje, na justiça federal em Sinop sobre o 2º maior acidente da história da aviação civil brasileira, em setembro de 2006, matando 154 pessoas que estavam no Boeing da Gol, que caiu em uma floresta, no Nortão, após colisão no ar com jato Legacy. Ele detalhou conclusão sobre seu relatório sobre o acidente e aponta que os pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino “eram inexperientes para pilotar o jato naquele momento, além de terem cometido várias imperícias técnicas durante a rota da aeronave”. Peterka também sugeriu que os controladores de voo do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) possam ter cometido erros que contribuiram, em menor escala, para a ocorrência da colisão.

Durante toda a oitiva, conforme Só Notícias já informou, o perito esmiuçou seu relatório sobre o acidente produzido a pedido da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907. A oitiva de Peterka foi indicação da procuradora federal em Sinop, Analícia Ortega Trindade, que foi a primeira a questionar o especialista. De acordo com ele, uma das situações que poderiam ter evitado o acidente era o simples cumprimento do planejamento do voo destinado ao jato Legacy, que saiu de São Paulo e seguia para os Estados Unidos.

Ele afirmou que os pilotos norte-americanos receberam o plano de voo, mas que “não tinham o menor conhecimento sobre ele e se os pilotos tivessem o verdadeiro conhecimento sobre o planejamento do voo, deveriam ter discordado do documento que apresentava falhas. O comandante do avião é a maior autoridade, tem total autonomia para discordar de um planejamento de voo e tentar modificá-lo. Se eles tivessem conhecimento não teriam voado desta forma”, alegou.

Em sua rota, em Brasília, o jato deveria estar voando em 36 mil pés, o que poderia ter evitado o acidente. Sem corrigir a rota e com o sistema de anticolisão (TCAS) desligado, o jato acabou colidindo com o boing da Gol na região de Peixoto de Azevedo. Os pilotos ainda conseguiram pousar a aeronave na base áerea militar da Serra do Cachimbo.

Ao responder um dos questionamentos, mesmo sem ser a base de seu relatório, Peterka sugeriu que os controladores de voo que direcionavam o jato cometeram algumas falhas. Ele cita como exemplo, que o transponder do jato estava desligado assim que passou pela cidade de Brasília e teria entrado da “contramão” do boing. No entanto, o controlador de Brasília, João Marcelo, não teria informado a real situação do jato para o controlador de Manaus, Lucivando de Alencar, que estaria com o sistema de radar desligado e sem a devida captação por meio do sistema.

Peterka também declarou que os pilotos “não tinham conhecimento necessário sobre o jato Legacy”. Segundo ele, “o Cenipa considerou que o Joseph Lepore só tinha cinco horas de voo de reconhecimento do avião e que seriam necessários no mínimo 15 horas”. Com isto, segundo ele, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino não teriam a licença legal para pilotar o avião no território nacional e que deveria ter um treinamento suplementar, coisa que não aconteceu.

De acordo com o espeialista, uma das possibilidades de um dos dois controladores, já que não havia a localização exata do jato e nem um contato entre os pilotos e as torres de controle, era a de afastar os demais aviões que estavam sendo guiados perfeitamente pelo controle aereo. “Nestes casos, o controlador poderia ter tomado uma medida de afastar lateralmente as demais aeronaves já que havia o risco de uma colisão”, declarou.

O advogado da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, Dante D”Aquino, afirmou que pretende buscar a condenação dos dois pilotos pelo acidente aéreo. “No nosso entender, baseado nos laudos periciais, a responsabilidade pela morte das 154 pessoas que estavam abordo do boing da Gol foi dos pilotos do Legacy”, afirma.

Outro lado
O advogado dos pilotos americanos, Teo Dias, acompanhou o depoimento e desqualificou o relatório do perito afirmando que o documento seria “inconsistente”. Uma das inconsistências apontada pelo advogado foi em relação falta de habilitação dos americanos para voar, sendo que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) não afirmou isso. Quanto ao fato do TCAS não ter sido ligado, novamente o Cenipa não relatou sobre este fato, entre outros.”O laudo apresentado pela testemunha é divergente do feito pelo Cenipa. São conclusões feitas por alguém que não teve acesso aos documentos do acidente, não teve acesso a caixa preta e que tirou conclusões sobre seus estudos independentes”, alegou, em entrevista ao Só Notícias.

Ele afirmou que irá recorrer de uma decisão do juiz federal, Fabio Henrique Rodrigues de Moraes Fiorenza, que conduziu esta oitiva, e que havia negado depoimento de algumas das testemunhas arroladas no processo para defesa dos pilotos.

O magistrado afirmou que na próxima semana a juíza federal Vanessa Curti Perenha Gasques deve retornar ao caso. Segundo ele, há ainda outras testemunhas que serão ouvidas por carta precatória, além de alguns órgãos e entidades que foram contatados para produzir relatórios sobre o acidente ocorrido em 2006. A Universidade de Brasília (UNB) foi uma das procuradas pelo magistrado.

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