Índios da etnia Nhambikwara, que bloqueiam a BR-364 entre Comodoro e Campos de Júlio arrecadam diariamente R$ 6 mil com pedágios na região. A informação foi repassada pelos próprios indígenas à Procuradoria Federal. Apesar da decisão judicial proferida no início de maio pela 2ª Vara Federal de Cáceres para desobstrução da via, os índios completam mais de 60 dias trancando as estradas e cobrando para os condutores passarem.
A Polícia Rodoviária Federal confirmou que no início de maio fez cumprir a decisão judicial para a retirada dos índios e desobstrução da via, mas eles voltaram ao local. Os policiais chegaram a ser recebidos com arcos e flechas pelos indígenas. Agora, a assessoria da PRF confirma que está monitorando a situação e esperando da superintendência respostas sobre a forma como a via será desobstruída.
Com valores que variam de R$ 10 a R$ 50, os índios alegam que estão cobrando o pedágio como uma medida de reivindicação de várias demandas, entre elas, melhoria do atendimento à saúde e às estradas das aldeias. Os índios querem a liberação para o arrendamento de 4 mil hectares da reserva.
Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Comodoro, Glauber Silveira afirma que os índios vêm agindo de maneira agressiva e que nenhuma providência foi tomada nestes 60 dias de pedágio. Glauber classifica a situação como crítica já que 2 acidentes ocorreram pela obstrução dos índios, além de motoristas terem cargas roubadas. Os valores, segundo ele, são de R$ 10 para motocicletas, R$ 20 para carro e R$ 50 para caminhão.
“Isso é constrangimento, coação. Eles estão cobrando por algo que não pode. É uma rodovia, se pelo menos fosse parte da reserva. Imagina se todo mundo trancasse uma via. Ninguém toma providência, mesmo com ordem eles não saem do local. Ter que passar todo o dia por lá e pagar pedágio, isso é ilegal”, diz.