Uma comitiva composta por parlamentares do estado de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, esteve ontem em Cuiabá para discutir assuntos referentes às potencialidades econômicas dos dois países e estreitar os laços comerciais com Mato Grosso. “Há muito tempo cometemos um erro histórico. Estamos no centro mas de costas para a integração latino-americana. Temos a proximidade geográfica e dedicação mas ainda permanecemos muito distantes”, observou Mauro Mendes, presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Sistema Fiemt) que recebeu os representantes bolivianos e mostrou a eles um pouco do que Mato Grosso pode oferecer, não apenas em produtos da pauta de exportação mas em tecnologia e intercâmbios técnicos.
A Bolívia tem 8 milhões de habitantes e Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 19 bi. O PIB de Mato Grosso é de US$ 20 bi o que revela a superioridade econômica. O interesse do estado está em dois pontos principais, o gás natural e a interligação de Mato Grosso com o porto de Iquique, no Chile, ponto de saída dos produtos para o mercado internacional, principalmente da Ásia. Para viabilizar essa via de escoamento é necessário concluir o asfaltamento da rodovia boliviana que liga San Matias a Concepción, cerca de 420 quilômetros.
No ano passado Mato Grosso exportou para o país vizinho US$ 21,8 milhões e importou US$ 3,4 milhões. Entre os principais produtos exportados estão a soja (grãos e óleo), milho, algodão, couro, açúcar, bebidas, arroz e cimento, entre outros. Nestes dois últimos a Bolívia é o principal mercado com 100% de participação. O gás natural lidera a lista de produtos importados do país vizinho seguido por laminados de madeira e madeira bruta, adubos e fertilizantes e tubos de plástico. O gás boliviano ainda é ponto de polêmica entre os dois países. “O gás é um problema complexo e a solução para viabilizar este fornecimento depende de várias vontades”, salientou o presidente da Fiemt.
Segundo o delegado de Comércio Exterior de Santa Cruz de la Sierra, Francisco Cirbián, há um avanço nas negociações para solucionar algumas discordâncias e finalmente retomar o fornecimento de gás natural da Bolívia, suspenso desde agosto de 2007. Enquanto isso, a província considerada um pólo produtor de riquezas para a economia nacional, segue com as negociações para estreitar laços culturais e o intercâmbio comercial com Mato Grosso e, consequentemente, o Brasil.
“Santa Cruz de la Sierra quer mostrar que existe uma outra realidade na Bolívia distante daquela que desperta desconfiança nos outros países. A província não necessita de recursos estatais para sobreviver, é independente e está buscando seu fortalecimento nestas parcerias”.