A Justiça Federal, em Cáceres, condenou a penas de sete a 44 anos nove integrantes de uma quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas entre Brasil e Bolívia, desarticulada durante a operação Campos do Norte. A decisão é resultado de denuncia proposta pelo Ministério Público Federal (MPF). Três pessoas acabaram absolvidas, o processo contra um acusado foi extinto e outros 17 ainda estão sendo julgadas. Também foram aplicadas multas que variaram de 1.166 até 3.925 dias-multa (no valor de 1/30 do salário mínimo).
Na sentença, o juiz federal afirma que os réus faziam do tráfico de drogas sua verdadeira profissão. Mesmo após a apreensão de diversos carregamentos de entorpecentes, os envolvidos não desistiam da empreitada criminosa e tornavam a providenciar um novo carregamento. Ele ainda desautorizou que quatro dos condenados que já estão presos aguardem o julgamento em liberdade dos possíveis recursos.
De acordo com informações do MPF, as nove pessoas condenadas atuavam em um dos núcleos internos da organização criminosa. Cada núcleo possuía uma atribuição distinta. O primeiro era formado pelas pessoas responsáveis pelo financiamento do tráfico de drogas.
O segundo, integrado por agentes responsáveis pelo recebimento, armazenamento e logística do transporte da droga. Tal grupo atuava na realização dos atos necessários por trazer a droga para o Brasil, armazenar, transportar e revendê-la a traficantes. Outro era integrado por pessoas que moravam na Bolívia e forneciam a droga. O quarto núcleo era composto pelos receptadores finais, ou seja, traficantes residentes em outros Estados que revendiam a droga.
As investigações da Operação Campos do Norte começaram em março de 2008, em Barra do Garças, quando dois integrantes da quadrilha foram presos em flagrante com 225 kg de cocaína vinda da Bolívia. Durante 18 meses, foi identificado que a organização dispunha de aeronaves e caminhões que realizavam o arremesso da droga vinda do país vizinho e no seu transporte até os grandes centros consumidores de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Recife e Pernambuco. Nesse período, 914,295 kg de cocaína foram transportados ou comercializados.