A Justiça Federal de Sinop começa analisar as defesas preliminares, apresentadas nos últimos dias, pelos advogados dos réus denunciados no processo sobre a queda do boeing da Gol, há dois anos, e que vitimou 154 pessoas no Norte de Mato Grosso. A apreciação terá caráter essencial, pois a partir dela poderá o magistrado Murilo Mendes definir a seqüência do caso, intimando testemunhas, ou até mesmo decidir-se pela absolvição primária dos quatro controladores de vôo e os pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paladino.
As últimas defesas foram entregues ontem, todas por escrito. Por meio delas, réus se defendem das acusações imputadas pelo Ministério Público Federal. O MPF denunciou Lepore e Jan Paladino pelo delito de inobservância de regra técnica da profissão.
Os controladores de vôo Felipe Santos dos Reis, Jomarcelo Fernandes dos Santos, Lucivando Tibúrcio de Alencar e Leandro José dos Santos de Barros, pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo, definido de modo diferente na legislação militar. No entanto, os quatro respondem a ação também na Justiça Militar.
Ainda em setembro Mendes decidiu suspender a realização dos depoimentos, por cartas precatórias, de testemunhas citadas no processo. Em Brasília, seriam intimados Evair de Souza Junior e Antonio Francisco Costa de Castro, arrolados pelo Ministério Público Federal e pela defesa dos controladores de vôo. Também, Wellington Andrade Rodrigues e Ramires de Jesus Vasques, arrolados pela defesa dos controladores de vôo.
No Rio de Janeiro, Sergio A. Salles, arrolado pela defesa de Jan Paul Paladino e coronel Luis Fernando Povoas, pela defesa de Joseph Lepore. O funcionário da Embraer Daniel Robert Bachmann, citado pelo Ministério Público Federal, a receber a carta precatória pela subseção judiciária de São José dos Campos (SP), seria ouvido em Sinop, no próximo dia 25. A nova decisão de Mendes em interromper o trâmite foi para assegurar que todo o processo realizado até o momento não perdessem o efeito
Familiares das vítimas aguardam a conclusão do processo, que se estende desde 29 de setembro de 2006. O episódio ficou conhecido como o segundo maior acidente já conhecido na aviação brasileira. Lepore e Paladino pilotavam o Legacy e seguiam do Rio de Janeiro a Manaus, de onde iriam para os Estados Unidos. No trajeto, o jato colidiu com o boeing 737 da Gol, onde estavam 154 pessoas. Os dois conseguiram fazer pouso forçado na Serra do Cachimbo, e os seis tripulantes saíram ilesos.
Já o boeing, caiu em uma reserva indígena a 240 km de Peixoto de Azevedo. Todos os tripulantes e passageiros. A Força Aérea Brasileira (FAB), bombeiros da região Norte de Mato Grosso, peritos, entre outros profissionais auxiliaram no trabalho de remoção dos corpos. Para chegar ao local, em meio a mata, e de difícil acesso, clareiras foram abertas para permitir a descida de helicópteros.
Na hora que colidiu com o Boeing, o Legacy estava a 37 mil pés, e não a 36 mil pés como previa o plano de vôo. Os pilotos não verificaram o plano e também não foram alertados pelos controladores.