Ficou para o mês de maio a audiência de instrução e julgamento de Rogério Pessoa Freira, Joab da Silva Pontes e Jiovani da Silva Lima acusados pelas mortes do do fazendeiro Antônio Alfanaci Dias, 60 anos, do filho Anderson de Lima Alfanaci, 24 anos e dos funcionários Wilson Silveira Santiago, 25 anos e Célio Soares da Silva, ocorridas em agosto do ano passado, em Novo Mundo, pequena cidade localizada próximo a Guarantã do Norte, onde o processo está tramitando. Inicialmente, a audiência seria realizada no início desta semana, no entanto, os réus (que estão presos) acabaram não sendo levados até a comarca devido a greve dos agentes prisionais. Testemunhas de acusação e defesa também devem ser ouvidas na audiência. Com base nos depoimentos, o juiz poderá pronunciar os réus para serem submetidos júri popular ou adotar outras medidas.
Rogério, Joab, e Jiovani foram denunciados pelo Ministério Público por crimes como sequestro, ameaça, homicídio e ocultação de cadáver. As defesas dos réus foram encaminhadas ao Judiciário ainda em fevereiro. Em duas delas são citadas as “pressões policiais” durante os depoimentos.
Na defesa de Joab, por exemplo, o denunciado é citado como trabalhador e sem inimigos, “não havendo motivo que justificasse para tal prática [crime], percebe-se que o denunciado trata-se de jovem inexperiente que foi inicialmente persuadido, e posteriormente obrigado a se aliar a conduta dos demais delinquentes”, descreve o documento.
Em relação a Rogério, a defesa aponta que a denúncia baseia-se “exclusivamente nas supostas confissões extrajudiciais dos acusados, as quais são nulas de pleno direito por terem sido obtidas mediante a intensa pressão psicológica e desnecessário sofrimento físico impingidos pelos policiais que trabalharam nas investigações”. O documento destaca ainda que não há provas ou indícios “nos frágeis elementos colhidos no inquérito” que apontem envolvimento de Rogério nos crimes. É citado ainda que não foi encontrado pertences das vítimas com o acusado e que este, também, teria permanecido “com ânimo inalterado e sem mudança de rotina”.
A defesa cita ainda uma suposta contradição nos relatórios da autoridade policial “onde, no primeiro, ela afirma que foram os acusados Joab da Silva Pontes e Jiovani da Silva Lima que confessaram que as vítimas já estavam mortas e apontaram o cativeiro onde elas permaneceram antes do trágico fato, isso tudo anteriormente à prisão de Rogério […] no segundo relatório, o delegado afirmou que somente após a prisão de Rogério é que os três afirmaram que as vítimas estavam mortas e o acusado Rogério é que teria apontado o cativeiro”, descreve.
Já a defesa de Jiovani narra que Rogério teve sim participação nos crimes, sendo o executor. É destacado ainda que Jiovani e Joab foram obrigados, mediante a ameaça, a estarem no local onde os crimes ocorreram. “O acusado Jiovani convivia com o acusado Rogério pelo fato deste último ser, até o momento da sua prisão, casado com a irmã do primeiro”, narra o documento.
No documento, a defesa de Jiovani aponta ainda que “muito embora o acusado Rogério sempre dizer que tinha a vontade de matar alguém, o mesmo nunca tivera exteriorizado e materializado esse comportamento desumano. Estranhamente, num determinado dia, o acusado Rogério, depois de reclamar da falta de dinheiro e do seu endividamento, disse aos acusados Jiovani e Joab que precisava seqüestrar um fazendeiro da região para lher tomar dinheiro e, nesse mesmo dia, determinou que os mesmos estivessem juntamente com ele sob pena de morte. O acusado Rogério também disse ao acusado Jiovani e ao acusado Joab que se a polícia fosse informada do sequestro, que os mesmos seriam mortos”.
A defesa destaca ainda que Jiovani nunca teve falta de recursos que o levasse, espontaneamente, a realizar uma extorsão mediante seqüestro. Destaca ainda que as execuções teriam sido feitas por Rogério e que a Jiovani e Joab teriam que auxiliar na ocultação dos cadáveres e no contato via SMS. “O acusado Jiovani acredita na possibilidade do acusado Rogério ter sido contratado por terceira pessoa para dar fim no fazendeiro por um motivo até o presente momento desconhecido”, aponta outro trecho da defesa de Jiovani.
Conforme Só Notícias informou, os crimes ocorreram no dia 17 de agosto do ano passado e chocaram a população na região. Conforme a denúncia do Ministério Público, Rogério e Jiovani já haviam trabalhado na fazenda de Alfanaci e, com apoio de Joab, ficou decidido que, inicialmente, iriam sequestrar e extorquir pai e filho. Eles teriam conseguido entrar na fazenda após forjarem defeito em uma das motos usadas por eles. Na propriedade eles renderam pai, filho e Wilson. Célio teria tentando escapar mas acabou sendo morto e o corpo jogado dentro de um buraco utilizado como depósito de lixo da fazenda.
A decisão de matar teria surgido após os suspeitos perceberem que as vítimas não tinham dinheiro. A denúncia aponta ainda que Rogério atirou em Wilson; Joab em Antônio e Jiovani em Anderson. Após cometerem os assassinatos, os acusados ainda procuraram a mulher de Antônio (via mensagem de celular) para cobrar o resgate. As conversas entre suspeito e viúva foram monitoradas pela Polícia Civil, que chegou até Joab após perceber que ele utilizava o aparelho de Anderson para conversar com a namorada. Quando os policiais abordaram Joab, confirmaram que as mensagens de negociações ainda estavam salvas. O acusado então “decidiu colaborar” e levou à localização dos demais acusados e bem como a dos corpos de Antônio, Anderson e Wilson.