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Nortão é segunda região com maior número de abalos sísmicos

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Nos últimos dez anos, o Laboratório Sismológico da Universidade Federal de Brasília (UNB) registrou mais de 5 mil abalos sísmicos no país e o Norte de Mato Grosso, embora tenha ainda uma rede muito pequena de estações sismológicas, é considerado a segunda região brasileira com maior número de sismos.

O professor Lucas Vieira Barros, mestre em engenharia elétrica, doutor em geologia é o único estudioso dos sismos que ocorrem constantemente na região de Porto dos Gauchos, Tabaporã e Juara. De 1998 até hoje, foram registrados mais de 7 mil sismos nesta região e praticamente todos os dias pode-se verificar através do site do Observatório Sismológico da UNB, registros de pequenos tremores de terra em Porto dos Gauchos.

Lucas diz que há 55 anos Mato Grosso foi palco do maior terremoto já registrado no Brasil, com magnitude de 6.2 graus na Escala Richter e que pode ter tido seu epicentro na Serra do Tombador. Em fevereiro de 1959 foi sentido um outro grande tremor observado até mesmo em Cuiabá. Em março de 1998, mais um sismo com magnitude de 5.2 graus foi registrado pelo observatório em Porto dos Gauchos. Em 2005, a pacata cidade com 6 mil habitantes assistiu o chão sacudir e muitas casas ficaram rachadas. Magnitude de 5 graus.

Segundo o estudioso, existem várias hipóteses que podem explicar os tremores de terra na região. “Observamos, por exemplo, que esses tremores maiores sempre ocorrem em épocas chuvosas e existe uma correlação entre terremotos e o nível de água no lençol freático. Essa área fica na junção de dois rios: Batelão e Bocaiúva, bacia do rio Arinos. Porém, os estudos já registraram que ali existe uma falha geológica mapeada com 6 Km de profundidade e 6 Km de extensão”, comenta.

No monitoramento feito pela atual estação sismológica que vem registrando pequenos tremores diários na região de Porto dos Gauchos, verifica-se que os sismos estão se distanciando da estação, instalada a 35 Km de Tabaporã e 70 Km de Porto dos Gauchos. “Isto está sugerindo que a falha existente tem uma dimensão maior que 6 Km e significa que podem ocorrer terremotos com magnitudes maiores. O tamanho do sismo depende sempre do tamanho da falha geológica. No entanto, ela pode ser maior do que 10 Km e somente parte dela estar se movimentando. O fato é que não sabemos ainda o tamanho correto da falha existente nesta região, mas precisamos estudar mais, entender tudo isso”, disse. Lucas confessa que pretende vir a Mato Grosso e discutir o assunto com o Governo de Mato Grosso, principalmente com a Defesa Civil.

Desde 1998, quando começou a estudar o caso de Porto dos Gauchos, Lucas Vieira tem feito palestras para a comunidade de Juara, Tabaporã e Porto dos Gauchos tentando explicar os estudos desenvolvidos. “Temos ainda poucos dados a respeito da sismologia do Norte de Mato Grosso mas os terremotos são imprevisíveis e é preciso tomar certos cuidados”, diz.

Um deles é quanto à construção de barragens de médio e grande porte no Nortão. “Os lagos artificiais induzem sismos de terra. Existem 22 casos registrados no Brasil”, comenta. No final deste ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEL) vai lançar leilão para a construção de uma usina hidrelétrica na região de Sinop.

Segundo informou a prefeita de Porto dos Gauchos, Carmem Lima Duarte, moradora da cidade há 32 anos e que teve sua casa rachada no terremoto de 1998, existe uma preocupação dos moradores com os abalos, mas que o assunto nunca foi discutido com instituições estaduais. “Acho necessário mais informações e orientação quanto às construções e para casos de emergência. Não sabemos como agir numa situação mais dificil”, disse.

 

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