Terras dadas pelo governo federal para assentados no município de Itanhangá (120 km de Sorriso) estão sendo vendidas. O negócio é proibido, ilegal mas é fácil de ser feito. A constatação foi feita pelo repórter Jonas Campos, da TV Centro América. Sem saber que estava sendo gravado, um assentado propôs intermediar a venda de 4 lotes, totalizando 1.200 hectares. Ele deu dicas de como fechar o negócio. “Tem o lote (sic) 832, 843 e 44 e faço contrato de compra e venda com você”, propôs. Em seguida, orientou que o nome de quem está comprando ilegalmente terras de assentamento não aparece. “Fica no nome das mesmas (pessoas) que estão”, referindo-se aos assentados beneficiados. Ele reconhece, na gravação, que é “proibido vender terra do Incra” e diz que fazendeiros compraram áreas de assentados e nos documentos constam nomes dos filhos ou de empregados. O valor do negócio oferecido, para compra dos 3 lotes, não foi informado.
Ao lado do assentamento, há muito plantio de soja. Testemunhas ouvidas na reportagem apontam que há pessoas que são donas de vários lotes, quando a lei prevê que cada família tenha apenas uma área. Uma testemunha citou, inclusive, que um vereador teria adquirido um lote, de “um grileiro”.
O procurador Mario Lucio Avelar disse que o caso será investigado pois configura crime de estelionato e invasões de terras públicas.”São fatos graves que depõem contra a reforma agrária”, disse.
O Incra disse que está analisando os processos do assentamento em Itanhangá e uma equipe vai ao local para constatar quem está ocupando os lotes para tomar providências.