Terminou com avanços nas negociações a audiência de tentativa de conciliação entre os profissionais da enfermagem e os estabelecimentos de saúde do Estado. Realizada, ontem, no Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT-MT), a audiência foi suspensa três horas após iniciada. Ela será retomada na sexta-feira (5), às 13h, após as propostas serem analisadas pelas empresas durante assembleia geral.
Ambas as partes avaliaram como positiva a audiência. "Houve avanços e estamos conseguindo caminhar para um acordo", afirmou a diretora executiva do sindicato das empresas (Sindessmat), Patrícia Chaves West. "Estou muito feliz com a intermediação do TRT, pois o que não conseguimos avançar em 30 dias junto ao sindicato patronal, alcançamos aqui em 3 horas", acrescentou, por sua vez, o presidente do sindicato dos trabalhadores (Sinpen), Dejamir Soares.
O desembargador Edson Bueno destacou os esforços no sentido de se chegar a um ponto de equilíbrio entre as propostas. "Espero que as partes reflitam e examinem todos os prós e contras e que os primeiros superem", afirmou, acrescentando que há uma grande probabilidade do acordo ocorrer quando da retomada da audiência, na próxima sexta.
Propostas
Apesar de ainda irem à votação, o Sindessmat ofereceu o valor de 780 reais de salário para auxiliares de enfermagem, 940 reais para técnicos e 1750 reais para enfermeiros, com exceção dos que atuam na região sul, onde o piso proposto foi de R$ 1970,00. A diferença é devido a um acordo com os profissionais da região, que não recebem o vale alimentação. Os valores superam bastante o reajuste de 6% inicialmente oferecido.
Já o Sinpen manteve os salários pedidos para as três categorias (R$ 800, R$ 1000 e R$ 2000 para auxiliares, técnicos e enfermeiros), mas afirmou que aceitava negociar os valores da primeira e da última. Em relação aos técnicos, a entidade enfatizou que não negociaria o piso buscado e justificou afirmando que a categoria é a mais numerosa e sobre quem recai quase toda a demanda de serviço nos hospitais, necessitando de remuneração mais justa.
Foi sugerido como propostas pelo desembargador e pela representante do Ministério Público do Trabalho, procuradora Ana Gabriela, o pagamento de mil reais aos técnicos de forma escalonada, sendo R$ 940 já neste mês, R$ 970 em 01/09 e R$ 1.000 em 01/12. Em razão da discrepância dos valores propostos quanto à cesta básica, eles também sugeriram a unificação dos salários dos enfermeiros no estado em R$ 1900, mais vale alimentação de 180 reais.
Quanto ao valor do vale alimentação, a empresa ofereceu reajuste de 10 reais sobre o montante atualmente recebido pelos profissionais (R$ 120). Já os trabalhadores aceitaram reduzir sua proposta para 180 reais (pediam R$ 200), mas também não houve consenso. O sindicato patronal ficou de colocar em votação na assembleia de sexta o pedido de vale gás e rejeitou a redução na jornada de trabalho buscada.
Apesar dos avanços, a greve iniciada pelos profissionais na segunda (01) continua. O Sinpen, inclusive, acusou alguns hospitais de estarem impedido a adesão de trabalhadores sobre ameaça de demissão. O Sindessmat, por sua vez, denunciou que o sindicato dos profissionais é que não está cumprido com a determinação que estabelece o percentual mínimo de trabalhadores em serviço.
O Sinpen também apresentou, durante a audiência, pedido para que o Tribunal reveja a decisão que determina o índice de 70% dos trabalhadores em atividades nas UTIs e 50% nos centros cirúrgicos, pronto atendimento e pronto socorro durante o movimento paredista. Ele espera que o percentual seja reduzido sob o argumento de que, se mantido como está, a greve é inviabilizada.