Mulheres tem maior esperança de vida ao nascer que homens em Mato Grosso. O dado, divulgado nesta segunda-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que enquanto o sexo masculino chega a uma média de 70,4 anos no Estado, o sexo feminino conta com expectativa de vida em aproximadamente 77,1 anos. Nacionalmente, Santa Catarina é a localidade com maior esperança de vida no país, totalizando 78,1 anos para ambos os sexos. Na sequência estão Distrito Federal (77,3), São Paulo (77,2), Espírito Santo (77,1), Rio Grande do Sul (76,9) e Minas Gerais (76,4).
Médico e diretor do Hospital Santa Helena, em Cuiabá, Marcelo Sandrin afirma que a mulher ter média de vida maior que a dos homens é fato histórico, cultural e biológico. De acordo com o profissional, “é da natureza do homem ter a essência de caçador e se arriscar mais. Já as mulheres, estas aprenderam a ter cuidados consigo, com os familiares e demais pessoas a seu redor”.
Em relação às características biológicas, Sandrin afirma que após o início do ciclo menstrual, as mulheres passam a ter preocupação com a saúde ainda maior. Além disso, reforça o médico, são elas que têm o dom da procriação. “As mulheres possuem um papel de grande importância junto à sociedade. Elas souberam aproveitar instintivamente essas características e hoje são maioria em inúmeros locais na sociedade. Exemplo disso é o próprio Hospital Santa Helena, onde 70% dos profissionais são do sexo feminino”.
Em relação aos homens, Sandrin afirma que a despreocupação cultural para com a saúde tem prejudicado significativamente o prolongamento de vida deles. O médico afirma que são frequentes os casos em que homens chegam à unidade de saúde com graves problemas e que são levados por mulheres, sendo elas esposas, mães, filhas. “Um exemplo pôde ser verificado nesta segunda-feira, quando um homem chegou no hospital, levado pela mãe e irmã, se queixando de fortes dores no peito, que não passavam desde a última sexta-feira. Ele já apresentava sinais de infarto e corria sérios riscos”.
Professor e coordenador do Núcleo de Estudos de Violência e Cidadania, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Naldson Ramos destaca os costumes irregulares e não sadios dos homens como os principais causadores desta diferença na esperança de vida.
Ele reforça que as mulheres têm perfil mais comedido, cuidadoso e responsável. “Eles têm hábitos e consomem mais substâncias que as mulheres, são também responsáveis por desenvolverem atividades mais perigosas, além de 97% dos casos de crimes de violência terem o envolvimento do sexo masculino”.
Para Ramos, a conscientização de que os hábitos sociais e biológicos precisam ser modificados é um dos fatores para que a esperança de vida masculina aumente em todo país. Ele reforça que, desta maneira, a taxa de vitalidade poderá se igualar ou até mesmo ser superior que os números relacionados às mulheres. Outro ponto são as ações de educação e políticas voltadas ao sexo masculino. Segundo ele, são fatores que contribuem para melhorias.