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MT: cidades do interior convivem com falta de médicos

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Um clínico geral do interior chega a receber 18 vezes o salário pago a um profissional da Capital. Na tentativa de atrair a classe médica para os municípios distantes, as Prefeituras pagam até R$ 32 mil por mês aos especialistas por meio de contrato temporário. Mas, mesmo com cifras altas, a rotatividade de médicos é grande. A classe afirma não ter condições mínimas de trabalho e ser explorada por acúmulo de funções e carga horária excessiva.

O secretário de Saúde Eduardo Carvalho está à procura de um cirurgião para a cidade Santa Cruz do Xingu (1.230 km a nordeste da Capital). O processo licitatório para contratação de uma pessoa jurídica está aberto e tem 1 candidato em vista. O gestor pede uma ajuda à reportagem na tentativa de encontrar mais concorrentes para o cargo. O serviço engloba 15 plantões mensais de 24 horas no Pronto-Atendimento (PA), sendo que no período noturno o profissional fica de sobreaviso. O valor do contrato deve ficar em torno de R$ 23 mil bruto.

Para Eduardo, a contratação do 3º médico para a cidade é um desafio. Atualmente 1 clínico geral e 1 ginecologista dividem os plantões do PA e o Programa de Saúde da Família (PSF). Cada um recebe R$ 27 mil por 15 dias trabalhados no mês. Enquanto o clínico residente em Goiânia fica em casa, a ginecologista de Canabrava no Norte (1.215 km a nordeste da Capital) assume o serviço e vice e versa.

O único médico residente em Santa Cruz do Xingu é o ex-prefeito, que segundo Eduardo, não tem interesses em atuar na rede pública de saúde do município, que tem 1,9 mil habitantes segundo o Censo 2010. “É uma cidade bem distante e eles não querem ficar muito tempo”. O candidato à vaga de cirurgião é de Colniza (1.065 km anoroeste da Capital) e o secretário torce para que o contrato se concretize.

Um clínico geral atende os 1.096 residentes de Araguainha (460 km ao sul da Capital). O médico cuiabano, que se formou em Goiânia (GO), cumpre 40 horas semanais no posto de saúde e o restante do tempo fica de sobreaviso. Quando a população precisa de especialistas, o secretário Arnaldo Barreto encaminha os pacientes para Rondonópolis (212 km ao sul da Capital). A prestação de serviços é feita por meio do consórcio.

Arnaldo também busca contratar procedimentos com Alto Araguaia. O secretário afirma que a demanda por mais médicos existe, mas o município é carente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o recomendado é a proporção de 1 médico para 1 mil pessoas. Em Confresa (1.160 km a nordeste da Capital) existe 1 profissional para 2,2 mil usuários. O corpo clínico é composto por 13 vagas cobertas, sendo 6 especialistas e 7 clínicos gerais. O secretário de saúde Alex Venâncio diz que a estrutura do Pronto-Atendimento (PA) com oferta de ortopedia, anestesia, cirurgia, obstetra, pediatria e dermatologia atrai pacientes de municípios vizinhos.

Seis cidades da região tem como referência Confresa, o que soma em torno de 92 mil o número da população usuária do SUS. São encaminhados pacientes de Porto Alegre do Norte, Canabrava do Norte, São José do Xingu, Santa Cruz do Xingu, Vila Rica da Santíssima Trindade e Santa Terezinha. Em geral, os gestores afirmam não ter saída para solucionar o problema. O concurso surge como uma alternativa, mas entre os secretários de saúde há o relato de profissionais aprovados, efetivados, que pediram exoneração para retornar aos contratos. Por meio deste vínculo os médicos conseguem se mudar com rapidez, o que leva à rotatividade de funcionários.

 

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