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MT: capacidade de estocagem dos armazéns tem leve déficit

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A capacidade de estocagem dos armazéns de Mato Grosso apresenta um déficit de 2,6%, apesar do aumento de 12% espaço de armazenagem dos silos mato-grossenses, que subiu de 24 milhões de tonelada em 2008 para 27 milhões (t) em 2009. Dessa forma, considerando a produção da safra 2009/2010, estimada em 27,7 milhões de toneladas – conforme o 4º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) – haveria falta de estocagem para 734 mil (t) de grãos produzidos no Estado. A situação é agravada pelo volume de milho de safras anteriores que ainda está nos armazéns mato-grossenses, totalizando 3 milhões de toneladas que ocupam o local que estaria reservado para abrigar a produção da safra atual.

O superintendente regional da Conab, Ovídio Costa Miranda, explica que o aumento na capacidade de estocagem dos armazéns é decorrente a atualização cadastral dos silos junto à companhia. Mas ele acrescenta que o déficit de armazenagem dos grãos, embora pequeno, é provocado principalmente pela dificuldade de comercialização do milho. “A produção desse grão fica estocada até existir mercado, e com a desvalorização do preço mínimo, os produtores têm encontrado resistência para o escoamento”.

Para isso, ele ressalta a participação do governo no subsídio à comercialização do milho, que em 2009 concentrou seus esforços em Mato Grosso. Mesmo assim, o superintendente regional da Conab afirma que a ajuda somente acontece quando o produtor necessita, mas principalmente, se existe mercado disponível para receber a produção. “Diferente disso, o milho adquirido pelo governo fica estocado nos armazéns do Estado, sem ter prazo para retirá-lo de lá”, explica Miranda que acrescenta ainda ter mais de 3 milhões de toneladas do grão armazenadas, das quais, apenas 300 mil toneladas já possuem destino final: Rondonópolis, Goiás e Minas Gerais.

Ele ainda diz que para a Conab, o grande problema é a disponibilidade de armazéns credenciados. “Os produtores têm interesse de cadastrar seus silos para participar dos leilões de milho, mas ficam atados ao fato de que o governo não tem prazo para retirar os grãos. Isso porque, com o armazém repleto do produto, compromete a estocagem da produção de soja”, diz o representante da Conab em Mato Grosso. Atualmente a companhia possui 6 armazéns no Estado, com capacidade de estocagem de 2 milhões de toneladas. Esses silos estão localizados nos municípios de Sorriso, Sinop, Rondonópolis, Diamantino e Alta Floresta. No total, são 2,033 mil silos granel (que armazena grãos) e convencional (sacarias), com capacidade de 25 milhões de toneladas para estocagem.

Para os produtores, a preocupação do escoamento é direcionado ao milho. “Já que, de toda a produção da soja, em média, 40% é comercializada já na semeadura do grão”, diz o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Glauber Silveira. Isso quer dizer que, 9,325 milhões de toneladas de soja nem chegam a serem estocadas, restando pouco mais de 11,906 milhões de toneladas nos armazéns, conforme balanço da Conab.

“Mesmo assim, a negociação da soja é mais segura que a do milho”, explica Silveira. O presidente da Aprosoja, argumenta ainda que a entidade está estudando maneiras para que os produtores do Estado construam mais silos para armazenar a produção sem se preocupar emergencialmente com o escoamento. Sobre a colheita de soja, o coordenador do Central de Comercialização de Grãos (Centro Grãos) da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso (Famato), João Birkman, conta que mais de 50% da produção da oleaginosa já foi comercializada, mas que a chuva continua sendo um entrave. Por outro lado, ele diz que a paralisação na colheita ajudou a balancear a retirada de milho dos armazéns. “Enquanto chovia, os produtores não colhiam, mas continuavam, retirando o milho dos armazéns”.

Outros dados – Diferente dos números da Conab, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta que Mato Grosso tem um déficit de 1,849 milhão de toneladas na capacidade de estocagem dos armazéns estaduais. Conforme o Imea, Mato Grosso tem produção estimada em 26,595 milhões de toneladas, enquanto que a capacidade dos silos somam 24,746 milhões (t).

De acordo com o Instituto, a diferença nos dados está no fato em que a Conab inclui os armazéns convencionais, que possuem fundo chato e são adequados aos produtos ensacados. Os dados mostram que a maior região produtora, a Médio-Norte, tem o maior déficit (1,965 milhão de toneladas). Enquanto o Sudeste tem a maior sobra, com capacidade ociosa em 1,529 milhão (t). Isso ocorre porque a região Sudeste foi a que recebeu primeiro a imigração do plantio em Mato Grosso, tendo uma logística favorável. Enquanto a Médio-Norte se tornou a maior região produtora, porém a infraestrutura não acompanhou esse crescimento na produção.

Leilões – O governo federal deve subsidiar a comercialização de aproximadamente 80% da produção de milho na temporada 2009/2010. A informação é do coordenador geral da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Silvio Farnesi. Segundo ele, pelas dificuldades de logística e preço que Mato Grosso enfrenta nas safras de milho, o governo deverá auxiliar novamente o escoamento da produção.

A perspectiva segue a linha do desempenho obtido na safra anterior, em que 87% da produção de milho estadual foi subsidiada. Significa que, das 8 milhões (t) produzidas na safra passada no Estado, 6,937 milhões (t) receberam o apoio Mapa, contabilizando em R$ 789 milhões em recursos. Farnesi diz que já começaram os estudos para a demanda de leilões de prêmios para safra de milho de Mato Grosso. “No entanto, não temos nenhum leilão pré-agendado”.

Conforme o Mapa, na safra passada entre os incentivos disponibilizados pelo governo para Mato Grosso destacou-se o leilão Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), em que foram pagos R$ 268,2 milhões para o escoamento de 3,8 milhões (t) de milho. Já pelo Contrato de Opção, R$ 364 milhões foram subsidiados para a comercialização de 1,421 milhão (t) do grão produzido no Estado. O coordenador do Centro Grãos da Famato, João Birkman, explica que essa ajuda deve continuar porque a produção no Estado esbarra na dificuldade de comercialização do cereal e no alto custo para o escoamento.

Ele diz, que o frete continua sendo um empecilho. Além disso pontua, que já em fevereiro, o setor poderá sofrer mais com a desvalorização no preço do milho e também da soja. O presidente da Aprosoja, Glauber Silveira, também reivindica a participação do governo na comercialização do milho. Segundo ele, o pedido será para que o governo realize leilões de prêmios por municípios, afim de diminuir o deságio dos valores pagos. “Ou pelo menos dividir em mais regiões, ao invés de apenas 3”.

 

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