Antônio Benedito da Conceição, mais conhecido como Antônio Mulato, líder e símbolo da Comunidade Quilombola “Mata Cavalo”, localizada no município de Nossa Senhora do Livramento (38 km de Cuiabá), morreu, ontem. Ele tinha 113 anos de idade e era o quilombola mais velho do país.
Mulato sofria de mal de Parkinson e Alzheimer, e estava internado há 10 dias no Pronto-socorro de Várzea Grande. De sua descendência, além dos 13 filhos, deixou 38 netos, 44 bisnetos, 29 tataranetos e quatro trinetos.
Em sua trajetória de vida, Mulato se destacou por lutar pela igualdade racial. Em 1940, conseguiu instalar a primeira escola pública do Brasil em uma comunidade quilombola. Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, em decorrência de sua defesa da terra quilombola, Mulato recebeu incontáveis ameaças de morte, por não aceitar deixar as terras que receberam da ‘sinhazinha’.
Em nota, Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF), lamentou o falecimento do líder quilombola . “É lamentável a demora do Estado Brasileiro na concretização dos direitos fundamentais. Antônio Mulato viveu 113 anos, e mesmo assim não conseguiu ver um dos seus maiores sonhos ser realizado: a conclusão da regularização do Quilombo Mata Cavalo” enfatizou o procurador da República, titular do Ofício de Comunidades Tradicionais, Ricardo Pael Ardenghi.