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Mirante no Parque de Chapada corre risco de desabar, alertam pesquisadores

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Alerta de pesquisadores diz que o Mirante do Centro Geodésico da América do Sul, em Chapada dos Guimarães, também corre risco de desmoronar. Nas avaliações de um professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e outro da Universidade de Guarulhos (SP) – que estava de passagem pelo Estado – as causas do acidente ocorrido no dia 21 de abril no paredão do Véu de Noiva, naquele município, também podem levar estruturas do Mirante às mesmas consequências num curto período de tempo, já que os solos de ambos têm as mesmas características e formações geológicas, que são blocos rochosos de arenitos da formação furnas, ou seja, que se soltam e se desgastam com uma certa facilidade.

Os estudiosos dizem que a ação humana, associada a fatores naturais, são os principais motivos de desabamentos. A reportagem acompanhou os professores-doutores, Prudêncio de Castro (departamento de Geologia da UFMT) e Antônio Manoel dos Santos Oliveira (do Centro de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão-Ceppe, da Universidade de Guarulhos) a uma visita técnica ao Mirante, onde, ambos foram unânimes quanto à possibilidade de um provável acidente.

Os pesquisadores apontam a má construção das trilhas como uma das principais causas do desmoronamento no Véu de Noiva e, consequentemente, futuros desabamentos na região do Mirante. Segundo eles, as trilhas não são planejadas e se formam pela passagem de pessoas. Com o tempo, em função das chuvas e enxurradas, elas sofrem alterações, que se dividem em três fases: 1º) se transformam em “sulcos de erosões” (até 50 centímetros); 2º) passam a ser denominadas “ravinas” (a partir de 50 centímetros); 3º) se transformam em “voçorocas” (atingem os lençóis freáticos), é quando ocorrem os desmoronamentos de grandes proporções.

Na visão do professor doutor Antônio Manuel, da Universidade de Guarulhos, o caso é grave, pois as trilhas não apresentam qualquer tipo de estrutura. “Nos grandes parques turísticos do país e, também do exterior, se faz um plano de manejo para que seja indicado onde as trilhas devem ser construídas. E, para que os processos erosivos não as atinjam, elas devem ser feitas com estacas de madeira e com pedras. Há, inclusive, pontes que são construídas e usadas como passagem de turistas. O que não observamos isso aqui no Mirante e nem no Véu de Noiva. Daí o surgimento dessas grandes erosões”.

Os geólogos ainda explicam que para que novos acidentes não aconteçam, tanto para a preservação da natureza, quanto para a segurança dos turistas, o Mirante do Centro Geodésico deve ser interditado. Isso para que seja feito um plano de manejo.

Os pesquisadore disseram também que fatores climáticos como chuvas, enxurradas, ventos, entre outros, vêm transformando a estrutura geológica dos paredões há milhares de anos e não podem ser descartados como causas dos desmoronamentos. Porém, a ação humana passou a influenciar significativamente como causa e hoje, somada com uma série de fatores, resulta nas transformações que ocorrem na região.

A falta de planejamento foi outro problema apontado pelos especialistas. “A princípio, precisamos de uma resposta fundamental: de quem é a responsabilidade pela administração deste Mirante? Diferente do Véu de Noiva, aqui não é um Parque Nacional e não vemos placa alguma indicando absolutamente nada”, critica o professor Prudêncio de Castro. Segundo ele, o local está abandonado pelas autoridades ambientais, pois não há fiscalização, tampouco estrutura para a visitação de turistas.

Outro lado – Em contato com o promotor de Justiça de Chapada dos Guimarães, Jaime Romaquelli, foi descoberto que o Mirante do Centro Geodésico é uma propriedade particular e há alguns anos é objeto de litígio entre quatro supostos donos. Estes, com escrituras precárias, reivindicam a posse da terra, quem tem cerca de 25 hectares. “Na nossa visão aquele local é uma área pública e a Prefeitura de Chapada deveria entrar com um processo solicitando sua posse por usucapião. Inclusive já aconselhamos que fizessem isso, pois com certeza ganhariam. Já que há mais de 100 anos é ela quem realmente toma conta daquele lugar”.

O prefeito de Chapada dos Guimarães, Gilberto Schwarz de Mello, isentou o município de responsabilidades administrativas pelo mirante, justamente por se tratar de uma propriedade particular. Porém, informou que a prefeitura instalou lixeiras nos arredores e uma proteção para evitar que turistas se aproximem em seus veículos do ponto mais perigoso. Ele disse ainda que o município tem interesse pelo Mirante e deve entrar em breve com uma reivindicação de posse. Contudo, espera o momento ideal, para não ter que restituir nenhum suposto proprietário.

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