O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, defendeu na sextafeira (6), em Londres, decisões em que revogou prisões ordenadas por juízes de primeira instância da Lava Jato e afirmou que houve um momento de ‘canonização’ da operação, em que qualquer questionamento a ela era considerado ‘antirrepublicano’. Gilmar disse ainda que a lei de abuso de autoridade é uma das coisas nas quais o Brasil precisa ‘pensar’ para os próximos anos. As informações são do jornal ‘O Estado de S. Paulo’.
‘Qualquer decisão contra era considerada antirrepublicana, antipatriótica ou ‘antiqualquercoisa’, o que é uma bobagem’, disse. O ministro concedeu entrevista ao Estadão/Broadcast em um hotel na capital inglesa, onde participa de um seminário na Universidade de Londres e no qual falou sobre os 30 anos da Constituição brasileira. ‘A Lava Jato começou a pensar que era uma entidade, quis legislar, mudar habeas corpus e outras coisas.
Depois se viu que eles eram suscetíveis a problemas sérios e que a corrupção estava ali perto, como o caso (do ex-procurador Marcello) Miller’, afirmou, em referência ao ex-procurador da República que, na semana passada, se tornou réu por supostamente atuar como advogado do Grupo J&F quando ainda integrava o Ministério Público Federal.
O ministro criticou procedimentos adotados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público também na Carne Fraca e Satiagraha -operações em que foi questionado por ter revogado decisões expedidas pela primeira instância. Sobre isso, Gilmar disse estar ‘muito tranquilo’. ‘Nunca houve uma decisão minha que não fosse confirmada pela turma ou pelo pleno’.